segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Conta um segredo.

Mil quatrocentas e quarenta horas e posso dizer que muita coisa mudou por aqui.
Há um novo quarto, melhor arrumado e mais escuro. Não, escuridão não é sinônimo de tristeza. Talvez até seja, mas o escuro aqui é um lugar particular, criado para refúgios necessários em determinadas situações. Muita coisa mudou por aqui. Tudo organizado de outra forma, com novos conceitos, novas formas de encarar as situações. Como se em meio a intensos vendavais e terremotos a vontade de reestruturar as coisas fosse maior e o ponto de partida fosse a estranha falta de lágrimas, marco de que alguma coisa está mudado por aqui.
O coração é um bicho muito estranho de se entender e eu sempre tive muitos problemas com ele por querer ouvi-lo em demasia. Pois bem, resolvi deixá-lo quieto, nesse canto escuro do quarto. Batendo num ritmo próprio, decidiu por si que o mundo é pequeno pros seus desejos e que a vontade de ver, sentir, experimentar e viver é maior do que suas cicatrizes e mágoas - que ainda rondam por ai. Um conjunto de parar de sofrer demais porque a vida passa - e rápido - com um mundo todo pela frente e ferramentas altamente particulares para explorá-lo. Qualquer situação é vivida intensamente desde então por ele. Muita coisa mudou por aqui, que se limitava a experimentar o já conhecido por insegurança. Bendito seja o ritmo próprio que o coração resolveu bater. Próprio, particular, único, característico. Egoísta, guerreiro, perseverante, altruísta, decidido. A felicidade, que antes estava em olhar pro outro antes, se tornou foco principal da vida e a tinta que pintou as paredes do quarto. Primeiro eu, depois eu e em seguida os que habitam por aqui. Deus que me perdoe, só quero ser feliz e pra isso preciso olhar pra essa nova organização e dizer que tem meu jeito, meus desejos. Minha cara, meus objetivos. Depois da bagunça, até o canto escuro é assim.
As vezes as coisas acontecem e muitos dizem "por acaso". Não consigo acreditar em acaso quando tudo acontece no momento em que tem que acontecer, com os personagens que tem que participar, com as bagunças que tem que acontecer. Sair de um casulo e dar as primeiras batidas nas asas é um sinal muito bom de que as situações servem para muita coisa, as pessoas que talvez não sabem aproveitá-las como se deve e talvez, por isso, falam de "acaso". Sei lá, as coisas tem que acontecer e mesmo que não se entenda porque, lá estão elas, prontas para ensinar algo, desarrumar uma pilha de livros aqui, soprar um vento mais forte ali, construir um canto escuro acolá, colocar o passado guardado numa caixa de fotos e cartas, preenchido de lembranças e sorrisos e dores.
Nessa saída de casulo descobri um novo cômodo, mais forte, mais indiferente, mais decidido. Com mais amigos, com mais situações de limite, com menos paciência, mais prático, mais determinado. Menos meloso, mais orgulhoso, mais engenhoso. Com novas cores, tons de vermelho desconhecidos que, com algumas manchas, formam novas estampas que caracterizam e dão nome ao cômodo. Sair do casulo tem lá seus benefícios.
Muita coisa mudou por aqui. Optei por assumir meus anos de vida e não desejar tê-los mais pra frente. Optei por um coração que bate mais lento, optei por caminhar com meus pés. Opto por ouvir meus gostos, opto por ler de novo o mesmo livro, por ser nostálgica, romântica, perdida, sonhadora, pé no chão, menina. Opto por sair o dia inteiro, por buscar meus sonhos sozinha, por me acostumar com as buscas em companhia da fé. Opto por ser mais mulher, mais feminina, mais madura. Opto por ser feliz, por me arrumar mais, pela postura, pelo sorriso no rosto independente da situação. Opto pela dança esquisita, pela liberdade de expressão, pela bebida mesmo não sabendo beber. Pela crítica, pela opinião, pela psicologia. Opto pela liberdade que experimento todos os dias, pronta para bater minhas novas asas e descobrir novas estampas pro meu quarto, escuro, mas que agora tem nova e particular organização. Opto por ser coroada rainha de mim.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Um pedaço de mim voltou e foi embora.

Juro que não estava chovendo no dia que você apareceu. Se estivesse, o tempo abriria e o sol sairia, brilhante e forte, trazendo calor e vida ao meu rosto e ao meu coração. Eu juro que não esperava e a impressão que eu tive é que voltei pro dia que você foi embora, no dia em que você me ligou propondo uma despedida comunitária. Te digo que não me despedi porque não gosto disso e confesso que você levou um pedaço do meu coração pra longe, pra outro estado, pra outro mundo. Quando você apareceu com esse pedaço, parecia que ontem foi o dia que você foi embora e hoje, voltou. Pra mim? Não preciso explicar as sensações, você reparou e falou logo que minha mão tava suada e meu coração batendo mais forte. Você também pediu pra eu sorrir de verdade pois "eu estou aqui, não tá vendo?" Sua mão na minha mão, seu beijo respeitador, seus abraços apertados de surpresa, sua companhia o tempo todo. O pedaço do meu coração. Seu sorriso, sua voz, a maciez do seu toque. Tudo o mesmo. As brincadeiras, seu cheiro, a paciência e a alegria me escutar, o interesse pelos acontecimentos e a companhia no melhor lugar do mundo. Exatamente tudo igual a quando você foi embora. Até o jeito de me estudar com o canto dos olhos e os comentários sobre a leitura ruim das pessoas, sobre a música e sobre a minha voz mais ruim que você considera boa pra cantar. Sua mão na minha mão, entrelaçadas, apertadas. Seu olhar de canto de olho e um sorriso pequeno que denota felicidade. Você veio trazer o pedaço do meu coração de volta e com ele refrescar as lembranças de uma história forçada a terminar. E veio continuar escrevendo? Continuar do ponto de ônibus, da festa, da dança, do beijo roubado? É de lá que esse história deveria continuar, de onde nunca deveria terminado se a felicidade se escreve em outras letras e em outros lugares que nossa inteligência não pode entender. Não depositei minhas esperanças no seu sorriso e em seus elogios pra mim. Tudo é muito irreal, logo você volta pro seu mundo carregando o pedaço do meu coração que deixei com você. Algo impossível ronda seus gestos e eu não iludirei com isso, pode deixar. Logo você vai voltar pro seu lugar, eu sei pela sua postura, mesmo que o interesse em estar comigo e a companhia da noite fosse clara, para todos, que sua intenção era outra. Mas você vai voltar pro seu lugar, como já fez, levando o pedaço do meu coração de volta.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Irracional, inseguro, incerto.

O que é o amor?
Um bicho estranho que não tem nome
Que entra em pedir licença
Que não sabe o que quer.
Uma luz intensa que faz cegar
Que consome, que faz brilhar.
Uma presença doce que faz bem
Que faz tremer
Que possui uma memória de ouro
Que inunda, que invade.
Uma melodia suave que toca aos ouvidos
Uma canção que não se cansa de repetir
Uma força que impulsiona pra onde quer
Uma história boa de se contar.
É um carinho, um abraço na chuva
Um beijo inesperado
Um olhar intencional
Um frase de efeito
Um turbilhão de emoções...
A possibilidade de ser altamente irracional
Enquanto o mundo vive de razão
A vontade de se jogar na névoa, no abismo de outro coração
É a falta de certeza, é um tiro cego no ar
É dividir a solidão, é colocar o sorriso em outro
É esquecer da vida, não pensar no tempo...
É ferida que dói e não se sente, é dor que desatina sem doer
Uma mistura de ódio e rancor que tem como consequência a loucura
Um fechar os olhos, se prender a um olhar e se cegar ali...
Um mundo de ilusões que muitos poetas se perderam
Um mundo perdido em sentimentos
Um lugar seguro em muitos estão
E eu quero ser mais uma
Pois quão irracional, inseguro e incerto é viver sem amor?

domingo, 3 de novembro de 2013

Descaradamente me tenha amor.

Sabe qual é a minha vontade agora? Te ligar e dizer que sinto saudades. Que quando vejo qualquer foto sua lembro do seu cheiro e que o primeiro presente que você meu deu continua em cima da minha cama. Aliás, um pouco antes dessa situação toda em que estamos, revelei uma foto nossa num dos momentos mais especiais que passamos juntos. Eu não consegui rasgá-la, ela continua dentro do meu armário e de vez enquanto pego nela e fico lembrando daquele dia: brigamos no dia anterior, brigamos um pouco antes, fomos brigados pro momento, mas já entrando você disse que eu estava mais linda do que você tinha me imaginado. Ah sim, sabe aquele chaveiro que eu te dei? Não tive coragem de tirar da minha chave de casa e vira e mexe pego nele sem querer - ou querendo.
A vontade que eu tenho é largar todas as confusões e me lançar sobre você, me jogar no seu abraço, me confortar em seus carinhos. A vida se tornaria mais leve, acredito eu. Às vezes penso que se estava mais ou menos com você está pior sem você. E as únicas lembranças que tenho de nós são as boas, incrível. Eu queria sentir raiva de você, olhar pra tudo que passamos e falar que você não serve pra mim. Queria dar ouvido às pessoas, que às vezes falam que você não me merece porque me fez sofrer e chorar algumas vezes. Queria sentir nervoso do seu perfume e da sua presença, e não querer saber da sua vida ou do que você está sentindo. Queria não quer cuidar de você, não me preocupar, fazer ouvido de mercador pros seus problemas.
 Mas minha vida está muito conectada a sua. Tudo me lembra você, tudo me traz nossa história, tudo eu ainda compartilho da sua presença. Sim, isso não se limita ao trabalho; você invadiu meu mundo e não me pediu licença, só pediu pra que eu abrisse a porta. Mas eu não abri, né... Eu escancarei. E por isso tem sido difícil ficar sem você. Tem sido muito intenso sentir tudo isso, tem sido muito intenso pensar no melhor pra mim. Eu depositei em você a minha felicidade, meus sonhos. Me abri por inteiro, me acomodei tanto em você que agora está difícil de se abrir pra outros momentos. Me sinto cansada só de pensar na possibilidade de conhecer outra pessoa e me abrir de novo pra alguém. Você já me conhece, sabe dos meus paradoxos e vícios. Isso tudo é muito estranho porque parece que vivemos seis anos juntos. Mas não: foi tudo intensamente vivido em seis meses e agora não sei o que pensar. Sempre temi o tempo e deixei rolar porque a convicção da felicidade era tão grande, a certeza de que ficaríamos juntos por um longo tempo era tão grande que me acomodei a você de forma que depositei minha vida em você. Foi rápido, intenso, muito, um descuidado. Namoros se constroem com o tempo, com o passar das situações; em pouco tempo tivemos brigas de casais que vivem juntos, vivi situações em que enxerguei uma vida de casado e não percebi o quão longe esses somente seis meses estavam indo. Tarde demais pra quem já havia se entregado por inteiro - por mais que você discorde. Dentre muitos erros que consigo enxergar agora, a minha entrega por você foi intensa demais; não me reservei, não guardei o melhor pro final. Esqueci de colocar limites, me entreguei demais; me coloquei toda pra você e esqueci de fechar alguns espaços pra mim. É isso que pulsa no meu coração... Se ao menos o "demais" tivesse vindo de ambas as partes, meu pesar seria menos confuso e intenso e talvez nem estivéssemos nessa situação horrorosa. Não houve divisão de intensidades... Foi o muito pro quase muito e eis nossa maior faísca. Continuo com vontade de te ligar e pedir pra você me buscar aqui em casa pra ficarmos juntos na sua casa enquanto as pessoas não chegam. Essa vontade não passa porque me lembro de ter abraçado você e te beijado com todo meu amor e isso te fez me abraçar mais forte e demonstrar seus sentimentos por mim no meio da sala. Ainda sinto seu carinho e seu olhar carinhoso sob mim enquanto eu me esparramava no sofá.
 Se ao menos você me prometesse que daria certo e que não mediria esforços pra me fazer feliz... Se eu sentisse que você se entregaria agora, sem reservas ou conceitos prontos, sem orgulhos, a fim de arriscar. Isso pra mim é amor e eu posso dizer que te amei muito durante seis meses; tenho noção que me dei por inteiro, sem reservas, de forma errada, mas sem medos. Se você me mostrasse que faria qualquer coisa por mim também... Se eu tivesse a certeza de que daqui há seis meses nossa história estaria começando mais uma vez de novo, sem confusões, sem brigas, apenas por termos a certeza que cada mês é uma certeza de que fizemos o que pudemos pela felicidade um do outro...

sábado, 2 de novembro de 2013

Loucuras...

Faça loucuras por mim. Saia da sua zona de conforto e mostre pra mim e pro mundo o quanto você diz que ama. Me coloque na parede e fale que sem mim sua vida está com o rumo tradicional, como manda a rotina. Me puxe pelo braço, olhe nos meus olhos e me mostre, rude, os seus sentimentos. Passe por cima dos seus princípios enraizados nas suas experiências. Seja incoerente com o que falava que não faria em um namoro e faça por mim. Me mande flores, sabendo que eu odeio, peça pro entregador falar pra minha mãe que é o homem da vida da filha dela que está entregando. Ligue pro meu pai e converse com ele, pedindo a ele a permissão pra tentar me conquistar. Passe por cima de todos os meus orgulhos e me mostre que somos feitos um pro outro. Cative minha família, se mostre disposto a encarar a desaprovação da minha mãe com carinho e paciência, conquiste-a agora, ligue pra ela e tenha longas conversas mostrando à ela que você se importa comigo e me quer bem. Mande uma mensagem pro meu pai, se dispondo a levá-lo na próxima consulta médica e no caminho converse com ele, animadamente, sobre nossa história e o que você pretende por mim. Apareça na minha casa pra conversar com meus pais sem mim, mostrando o que você pretende na vida pra me fazer feliz. Diga pra eles que está trabalhando muito porque sonha em me dar o melhor. Diga que está crescendo no trabalho, que pretende um outro trabalho no futuro pra ser um homem digno pra mim, que mesmo parecendo que você não quer nada porque as vezes está muito cansado, só pensa no melhor pra mim em você. Mostre pra minha família o quanto você me ama, mostre pros meus amigos que você me quer bem. Procure nas redes sociais minhas amigas mais próximas e converse com elas, perguntando qual a melhor maneira de me conquistar, de me fazer feliz. Fale pra elas que você não foi justo comigo no começo, mas que agora vai fazer melhor com os conselhos delas, entenda que elas me conhecem muito bem ao ponto de te ajudar a ser o namorado que toda mulher quer ter apesar de todos os defeitos. Puxe conversa com meus amigos, são poucos mas homem se entende com homem, eles também podem te ajudar a me cortejar, a balançar meu coração. Me surpreenda, me faça feliz por nada, seja melhor do que você é. Deposite todas as suas fichas em mim, mostre pro meu mundo que você está depositando suas fichas em mim porque você me ama muito e faria qualquer loucura por mim. Mostre que sou essencial na sua vida, se abra pra mim ao ponto de me assustar com a profundidade dos seus sentimentos. Convença-me, permita que meu mundo me convença, conquiste-os para me conquista mais. Me mande uma carta inspirada que me faça chorar, coloque chocolates na minha bolsa com um bilhete demonstrando que você está ao meu lado e está tentando me conquista de novo. Me faça uma serenata, por mais brega que seja, com nossa música. Seja careta, moderno, infantil, maduro, coerente, proativo, determinado. Desfaça meus medos com os seus defeitos, me prove que nossa história não terminou, dê seu máximo pra estar comigo, exija de mim carinho e atenção, me ame apesar de. Não se feche mesmo que haja motivos pra isso, ultrapasse as barreiras que turbilhões de sentimentos colocaram entre nós, me reconquiste, me convença que vale a pena, que juntos somos melhores mesmo com as diferenças. Esqueça as falas frias e os pedidos de distância. Faça loucuras por mim.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Vendaval.

Cento e sessenta e oito horas já se passaram... Meu celular ficou silencioso, respirei fundo mais vezes durante o dia, me senti mais tranquila, sem preocupações maiores que me tirassem a atenção, passei a observar as pessoas e seus comportamentos, li mais, estudei mais, fiquei mais tempo em casa. Acordei menos triste, acordei mais pensativa, mais tranquila, menos ansiosa. Pensei mais vezes no que eu disse, pensei antes de falar. Prestei atenção na aula, escrevi mais textos, sorri por coisas bobas. Passei a olhar vagamente pro nada, a conversar mais complexamente, a ignorar conversas e olhares, a me concentrar no pouco pra esquecer o muito. Ouvi as músicas com um ouvido mais crítico, ressuscitei canções que não ouvia há um tempo. Procurei aproveitar as situações cotidianas pra observar minhas próprias ações e tornar essa observação positiva.
Tudo isso mudou... Por fora.
Por dentro, me sinto como num quarto que foi revirado a procura de algo muito valioso. Não sei onde estão as coisas, não me sinto a vontade em mim, há muitos pensamentos confusos e roupas espalhadas pelo chão. Há cheiros no ar, lembranças espalhadas na estante, junto com as folhas de sonhos abertas, rasgadas, perdidas. Assim está meu interior, completamente bagunçado. A culpa não é de ninguém. Dizem que é preciso bagunçar o que estava aparentemente arrumado para conferir nova organização, eu falei isso. Mas sempre que enxergo uma organização, um novo vendaval adentra pela janela sem pedir licença, fazendo cair algumas pilhas de livros e espalhando algumas folhas no chão. Tudo muito subjetivo, impessoal, frio, pensado. Como num ensaio, planejo cada ação minha com medo de sofrer ou de ser transparente demais; a cada olhar, em cada gesto, um pensamento, um ensaio. Há uma tentativa forte de manter organizado o pouco que tenho. Em 168 horas e alguma organização que se preze, tenho sido muito sincera, opaca, fria e reflexiva. Ter um quarto muito organizado em estruturas seguras não me permitiram observar rachaduras no canto do teto ou possíveis infiltrações que apareceram atrás da porta. Tudo isso porque essa organização, apesar de não ser perfeita, estava me mantendo firma nas decisões e nos passos. O vidro da janela ficou mais opaco: assim ninguém enxerga muito facilmente minha bagunça; as tentativas de organização são pensadas e repensadas, de forma que o que sai é o mais sincero possível, fruto sempre do esforço de carregar os livros, catar as folhas no chão, dobrar as roupas. Tudo em silêncio, pelo canto dos olhos, com uma música de fundo e uma seriedade que eu não conhecia em mim. Há cento e sessenta e oito horas procuro os motivos para essa zona no meu quarto. Procuro entender porque não olhar mais uma vez e sentir a esperança de uma nova tentativa; porque não surto e sucumbo ao que sinto... O que sinto? Uma ausência, uma vontade de fazer parte de novo, a percepção de como eu estava conectada a uma outra vida... As pessoas falam isso, tenho reparado. É tudo muito junto, as particularidades ficaram pequenas diante da intensidade. A vida em que coloquei minha felicidade tem tudo muito bem arrumado, as pessoas se aproximam dela de forma segura também, dá pra sentir isso de longe. As pessoas se aproximavam da minha vida porque a outra era seguro? Onde está minha vida nessa história? Onde eu a coloquei pra viver outra? O que faz parte do meu quarto? As pessoas vem até mim porque tenho uma vida segura?
A vontade é encontrar respostas e uma possível organização em outros lugares, em outras conversas, em abraços. Mas a organização desse quarto depende de mim pois vou fazê-lo de forma particular e pessoal, ninguém poderá adentrar nele enquanto estiver essa zona. Visitas não são bem-vindas. Só dá pra ver pela janela. Ou caso haja força e se arrombe a porta.

sábado, 26 de outubro de 2013

Palavras.

As palavras costumavam fluir mais fáceis antes. Claro que há sempre um filtro que separa o que devo guardar ou colocar pra fora. Mas há um tempo aprendi a falar, sem filtro, sem pensar. Confesso que foi um passo e tanto pra mim. Com o senhor do tempo, aprendi a me expressar, mesmo que não quisesse, mesmo que não fosse necessário, mesmo que atrapalhasse tudo. Falar se tornou prática básica da minha rotina e inserir essa prática na vida foi importante.
 Mas como eu disse antes, as palavras costumavam fluir mais fáceis antes. Apesar de falar sempre, falar o que eu sinto nunca foi uma ação muito fácil pra mim, pois sou confusa e paradoxal muitas vezes, e talvez muitas das vezes em que falei o que sinto não foram momentos bons ou não fui clara o suficiente. Muitas dessas palavras não sabem se posicionar, são desequilibradas, não sabem onde ir, são pensamentos soltos.
 Daí que meu interno foi incoerente com meu externo. Aprendi a falar tudo sempre, para me tornar clara, pra fazer fluir, mas pensar "demenos" desequilibrou ainda mais meus pensamentos e causou confusão - ela, senhora das minhas palavras, que saiu de mim pra se abrigar um tempo em outro lugar.
 Eis o motivo do paradoxo...
"Minha desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio", já dizia Clarice. Meu excesso de palavras desequilibradas são o resultado de um silêncio necessário, que eu preciso para organizar meus pensamentos e dar sentido àquelas que me expressam. Não fico em silêncio porque sou obrigada a falar, por mais estranho que seja. O que não era preciso, agora se tornou necessidade, fator de dissolução de agonia, causa para uma paz momentânea. No turbilhão de sentimentos em que vivi, um turbilhão de pensamentos me assolam e com eles um turbilhão de palavras e pensamentos soltos. Desequilibrados, com necessidade de serem remoídos e digeridos.
Então chega... Preciso de equilíbrio entre o interno e o externo. O meu silêncio é um espaço que solidão nenhuma pode se abrigar, mesmo que por vezes outra solidão tenha me feito companhia. Entre o sim e o não, eu opto por mim. Em silêncio.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Don't shiver anymore...

As dúvidas e o solo inseguro me motivaram, espero que tenha entendido. Não ia conseguir continuar andando de mão dada pela rua sem um adjetivo oficial antes do seu nome. Por isso foi "rápido".
Mas estou bem, se quer saber. Senti um alívio e uma vontade de viver que há muito eu não sentia. A culpa não é sua. Eu estava cansada e me desgastando em algo que não ia dar certo.
Daí que seu perfume ainda ficou no ar, seu cheiro de roupa limpa ainda me surpreende na rua e meu telefone anda silencioso. O meu maior medo nisso tudo é a minha solidão, que aparece quando eu não tenho ninguém pra me distrair dela. Ainda não tô me sentindo sozinha e espero não me sentir. Mas receio sentir isso. Tá tudo bem, eu prometo. Não sou muito de voltar atrás e então ficaremos assim. Aliás, pra voltar atrás agora eu deveria estar apaixonada. Eis uma lição que você deixou: pra estar com alguém eu preciso me apaixonar. Adorei isso e pretendo levar pra mim, pra futuros relacionamentos.
Mas... Eu já me apaixonei na vida? O que é se apaixonar? Como alguém age quando se apaixona? Não sei o que é isso, talvez eu já tenha sabido, mas me esqueci. Acho que meu coração resolveu guardar um pouco isso por já ter se cansado em algumas situações. Sei que não sou A que mais sofreu de amor, mas já sofri bastante. Mas será que eu já me apaixonei por alguém?
Talvez eu deva ter sentido isso, em algum momento tolo da minha vida. Apaixonar-se é meio irreal pra mim nesse momento. Então sinto que minhas carências e solidões virão à tona. OU NÃO.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Tentativa

Tá, eu ensaiei a semana toda pra sair bem dessa conversa. Mas o fato é que não foi nada disso. Incrível: a gente só sente falta daquilo que tem por perto quando as circunstâncias fazem com que se perca. E vou ser dramática dessa vez, porque eu sou assim. Você me pediu pra eu não ser assim, mas não deu: o abraço de despedida tá durando até agora e eu já me arrependi de ter dado a largada pra essa "tentativa". Sério, minha vontade era de voltar correndo e te abraçar forte e dizer que eu gosto de você, que eu tô disposta a tentar encaixar nossos mundos se você quiser. Quis voltar e pular no seu pescoço pra me sentir segura, como sempre e sentir suas mãos fofinhas junto das minhas. Me arrependi apesar de saber que é necessário. Somos diferentes. Mas eu gosto de você e já tô sentindo sua falta. Porque eu também que você fique perto de mim, que você fique comigo. Porque eu quero que você me dê bom dia e boa noite e porque quando eu tô com você tudo fica bem. Não esquece de mim nessa semana, por favor. Talvez até lá eu veja que meu sentimento é forte pra nós ficarmos juntos e eu ser capaz de me adequar a você. Não se desapega de mim, não esquece que eu existo, não me deixa. Eu sou carente e me sinto segura com você, não me esquece. Me encontra sem querer no ônibus na terça ou me liga na quarta com uma notícia sensacional. Me deseja boa prova no sábado e domingo me fala que também tá disposto a seguir de onde paramos. Você também é inesquecível na minha vida, a nossa história não pode morrer sem tentativas de dar certo. Eu tô disposta a tentar. Tenta comigo também? Eu posso não entender nada de rock, mas com paciência eu tento. Eu posso te explicar o que vai acontecer em julho e você até pode ir comigo. Diz que você quer oficializar e repete que você me quer perto de você, que você quer que eu fique contigo. Tudo vai ficar bem, eu garanto. A gente é diferente mas eu adoro quando você me abraça na escada rolante e diz que me adora. E eu fico super satisfeita que fazem sete semanas que você vai ao shopping direto porque tá comigo. Eu já tô sentindo falta da suas ligações a noite e das besteiras que falamos. Me liga amanhã então, dizendo que não aguenta e que tudo vai ficar bem. E me abraça e diz que me adora, porque é disso que eu mais tô sentindo falta já. Mas tá, seja o que Deus quiser. Que Ele me ajude, mais uma vez e sempre.