quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Puzzle

Abriu a porta com uma força que não partia de si. Há muito não se lamentava de abandonar um lugar por circunstância da tão temida realidade. Talvez se a porta tivesse batido com força a vontade de voltar fosse diminuída e as lágrimas não brotassem ao fechar o elevador. Era hora de partir, mas deixava pra trás um pedaço do seu coração.
Agora, longe, pensou que mentira ao falar que gostava tanto. Estava gostando e muito, como há muito não gostava de alguém. Ele não estava tirando sua paz, não se sentia mal por gostar tanto assim e era pior quando estava sozinha. Ainda não poderia precisar nenhum tipo de sentimento, mas o que pulsava dentro dela estava sendo sincero e natural.
A vista embaçada e os pés fora do chão conduziram uma cabeça fora de si. Ao mesmo tempo que queria voltar e esquecer do tempo, perdida naquele abraço sincero e nos carinhos que agradavam, precisava seguir sua vida, encarar a verdade. Havia uma leve confusão em sua mente e seu coração continuava pulsando, clamando por um nome, implorando como uma criança mimada. Andaria léguas sem rumo se fosse necessário, se desligaria do mundo, fugiria das responsabilidades, arriscaria novas sensações, se entregaria. Mas sua razão temia por erros questionáveis e a privação por outrem impediam que seus sonhos fossem postos em prática.
Quanta inconsequência pra uma pessoa que havia aprendido tanto com tropeços passados e prometido não amar tanto a ponto de querer abandonar tudo. Não sabia o que iria acontecer no futuro pois acreditava que receberia advertências, sofreria por não agradar, teria que conviver com desaprovações...
Tudo se perdeu de sua mente quando palavras fizeram brotar um sorriso em seus lábios e um arrepio doce invadiu seu corpo, com a certeza de reciprocidade e de que tudo ia ficar bem.