sábado, 28 de abril de 2012

Confesso.

E aí que busco a finalidade pelo qual escrevia. O bom de ter alguns textos é poder analisá-los depois de um tempo. Atualmente, tenho reparado que escrevia porque sofria de amor. Como não sofro mais - tanto assim - não escrevo mais, como se o combustível tivesse acabado. Se eu fosse poeta, estaria no final da minha carreira. Acontece que os assuntos não acabaram; só ganharam uma nova abordagem, dei uma configuração nova. Dúvidas e respostas negativas ainda pairam sobre meu cotidiano, as lembranças de uma memória fértil se mantem como fantasmas e os sonhos de uma debutante, mesmo que um pouco amadurecidos, ainda resistem em existir. Minhas cartas não possuem mais endereços. Mesmo assim, analisando minhas palavras, eu vejo que me apegava a textos direcionados pra me consolar de forma mesquinha, acreditando que isso fosse solucionar meus sofrimentos. E vejo também que o assunto era sempre um sonho de amor, como um poeta no século XIX, definhando por não ter a mulher amada. Que tipo de amor eu sentia? Com qual finalidade eu me estudava? Será que quanto mais maduro e com o nível intelectual ganhando forma, o coração fica mais centrado pra receber as flechadas do amor?
O problema é que mesmo com esse nível se formando, minha dúvidas e as repetições musicais para uma possível reflexão continuam, de forma que posso observar que oscilo entre o centrado e o sensível, quase deixando o sensível tomar conta. Como uma debutante.
Quero a sorte de um amor tranquilo, maduro e sincero, que me dê a certeza de que posso usar minhas palavras para outras finalidades além de descrever e sofrer e me consolar de dores de amor. Que por sinal, fazem bem, mas precisam ter uma dose certa.
Aliás, se eu fosse poeta, eu poderia recomeçar minha carreira hoje...