sexta-feira, 17 de junho de 2011

Brain x Heart

Se desse pra juntar coração e razão na mesma opinião, duvido que teriam existido as teses iluministas ou qualquer outra cisão entre um pensamento antigo e princípios novos. O mais interessante é que mesmo depois de tantos séculos, a razão e a emoção como muitos dizem, continuam confundindo e insistindo em participar de um mesmo pensamento. Já que os grandes pensadores não conseguiram separar tais frentes, imagina se um simples mortal conseguirá. E não é diferente: sempre que alguma decisão precisa ser tomada, o coração fala alto demais - sempre ele -, principalmente se o assunto se refere a ela. Daí, tenta seguir o que ele diz...
Adam Smith poderia ter seguido, mas ele não desenvolveria a Escola Liberal. A razão sempre é a mais fria e determinada, mas tudo funciona quando se opta por ela. Foi por ela que Montesquieu desenvolveu a divisão dos três poderes e Jonh Locke pode fundamentar a revolução industrial inglesa. Esses caras apostaram nos pensamentos diferentes da época e foram felizes, pois hoje temos a democracia - não que ela seja boa, mas tá em vigor - e as bases industriais consolidadas. A verdade é que ser racional nem sempre é ruim se o que está em jogo é seu futuro. Ainda que ela seja ruim, há males que vem para o bem e um sonho você só conquista sozinho. E se o coração fala mais alto - às vezes - ele saberá esperar pela hora dele.

domingo, 12 de junho de 2011

Indivisíveis


O meu [encanto] e eu sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos dela,
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso
E a mesma animal - ou celestial - inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que diséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único [encanto] sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
Que eles levariam procurando uma coisa assim por [muito tempo]...


Mário Quintana

domingo, 5 de junho de 2011

Ainda que

Locução conjuntiva subordinativa de concessão.

Ainda que se esqueça, que finja que nada aconteceu,
Ainda que se consiga olhar dentro dos olhos e não lembrar da quantidade de água que saiu por culpa dele,
Ainda que formem dois arco-íris de novo,
Ainda que não se ouça mais certas músicas e lembre dele,
Ainda que a raiva que sente da idiotice que ele fez passe,
Ainda que não se sinta mais o típico ciúme cada vez que ele fale com outra pessoa,
Ainda que não queira mais se esconder, que não se importe em conversar como está a vida,
Ainda que não se tenha medo de que ele possa estragar tudo de novo,
Ainda que o medo de se sentir dele passe,
Ainda que não sinta mais vontade de nunca mais olhar pra ele,
Ainda que não se ache mais que é possível ser feliz com outras pessoas - mas só com ele - e que é possível encontrar conforto e carinho em outros braços que não os dele,
Ainda que outro coração supra a falta que ele fazia de forma plena,
Ainda que os pensamentos diários se esvaem, que as lembranças se afastem,
Ainda que a distância volte a inspirar boas idéias e não só textos inúteis e tristes e amargos feito esse - tão rotineiros,
Ainda que se consiga ser melhor do que é, que se amadureça,
Ainda que olhe pra ele e pense que não deveria sentir o que sentia, que deveria ser maior do que tudo isso, que isso deveria ser deixado de lado,
Ainda que ouvir o nome dele volte a colocar um sorriso no rosto por soar normal,
Ainda existirá sempre esse abismo enorme entre os dois que é a diferença infinita da definição de sentimento para eles.