sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Carta à você.

Descobri que o verbo cansar já está cansado de agir teoricamente sobre mim e creio que ele resolveu partir pra ação mesmo, sentida na pele.
Nessa ausência toda que eu/você criamos por circunstâncias da vida, o gosto pelo conhecimento deu lugar ao mundo idealista de um coração romântico; o hábito da leitura e do estudo afastaram ideias e sonhos que antes tomavam conta de mim. Confesso que receio muito ao afirmar isso por já ter afirmado outras vezes e o resultado posterior não ser aquele que eu pretendia. Confesso também que dessa vez não usei táticas mirabolantes para afastar tudo isso de perto; você o fez sozinho. Ah, claro, obrigada, antes que eu me esqueça. Jamais imaginei que fosse agradecer por tamanho feito inesperado - ou não devido às circunstâncias do tempo - que, a princípio me magoou muito, mas que agora está contribuindo positivamente para algo que, por longos instantes, achei que não fosse conseguir. Vale ressaltar que graças a miopia que me assola não pude apreciar cenas tão afetuosas em meio a um ambiente tão comum a mim. Mais uma vez, obrigada por tamanha colaboração.
Me desprendo - ou tento - do que estava grudado em mim, agora com motivos plausíveis e concretos para justificar - sem mais criancices muito menos planos. Engraçado que eu cheguei a tais conclusões baseada nas minhas dores, que deram origem (pasme!) a sua alegria. Quanto realismo carregado da nossa velha ironia pode-se ver aí. O fato é que descobri que, assim como Fernando Pessoa, "tenho em mim todos os sonhos do mundo" e você não pode fazer parte deles já que você me limita, me restringe, me prende de tal forma que me sinto pequena, impotente, fraca. Acumulei objetivos que excluem qualquer influência sua e, até mesmo a sua sapiência em relação a eles me prendem novamente. Já sou comodada e insegura demais para que alguém me enfraqueça desse modo. Também estou em fase de amadurecimento avançado; não quero retroceder ao nível um. Sem maiores utopias, não tenho conversado com estrelas.
Pois bem, essa não é uma carta de amor nem de dor, nem de sentimentos. Abandonei, como disse, a prosa romântica de um coração apaixonado por um poema modernista que não tem métrica, forma, nem rima, mas tem um conteúdo renovador e separatista que se assemelha a esse momento.
Agradeço-te, portanto, a tão belo trabalho que instigou minha rebelião e meus bons pensamentos. Peço-te respeito e aceitação pois para todo ciclo, há um fim. Não entenda isso como um adeus. Nem como um até logo.