quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Puzzle

Abriu a porta com uma força que não partia de si. Há muito não se lamentava de abandonar um lugar por circunstância da tão temida realidade. Talvez se a porta tivesse batido com força a vontade de voltar fosse diminuída e as lágrimas não brotassem ao fechar o elevador. Era hora de partir, mas deixava pra trás um pedaço do seu coração.
Agora, longe, pensou que mentira ao falar que gostava tanto. Estava gostando e muito, como há muito não gostava de alguém. Ele não estava tirando sua paz, não se sentia mal por gostar tanto assim e era pior quando estava sozinha. Ainda não poderia precisar nenhum tipo de sentimento, mas o que pulsava dentro dela estava sendo sincero e natural.
A vista embaçada e os pés fora do chão conduziram uma cabeça fora de si. Ao mesmo tempo que queria voltar e esquecer do tempo, perdida naquele abraço sincero e nos carinhos que agradavam, precisava seguir sua vida, encarar a verdade. Havia uma leve confusão em sua mente e seu coração continuava pulsando, clamando por um nome, implorando como uma criança mimada. Andaria léguas sem rumo se fosse necessário, se desligaria do mundo, fugiria das responsabilidades, arriscaria novas sensações, se entregaria. Mas sua razão temia por erros questionáveis e a privação por outrem impediam que seus sonhos fossem postos em prática.
Quanta inconsequência pra uma pessoa que havia aprendido tanto com tropeços passados e prometido não amar tanto a ponto de querer abandonar tudo. Não sabia o que iria acontecer no futuro pois acreditava que receberia advertências, sofreria por não agradar, teria que conviver com desaprovações...
Tudo se perdeu de sua mente quando palavras fizeram brotar um sorriso em seus lábios e um arrepio doce invadiu seu corpo, com a certeza de reciprocidade e de que tudo ia ficar bem.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Carta à você III

Sabe o que é engraçado? Se fosse outra pessoa sentiria raiva da sua realidade e ciúmes por não estar ao seu lado. Ciúmes mesmo, não de amigo - ou o seu, que só você entende. E no entanto eu não me sinto essa pessoa. Ao contrário do que se pensa, eu sinto saudades de momentos, da sua presença, do seu cheiro. Mas aí eu te pergunto: como eu posso sentir saudades de algo que nunca foi meu? Por que eu me sinto AINDA tão vinculada às suas lembranças? Tudo o que há de bom, volta e repassa e repassa...
Nem sei se você lembra disso tudo. Talvez por pelo cotidiano, as recordações foram se esvaindo da sua rotina - se é que elas existiram um dia - assim como aconteceu comigo um dia há um tempo. Tempo em que, pelo que lembro, conversávamos sobre mim e sobre o mesmo assunto - engraçado de novo. Tudo girava em torno da minha realidade utópica e idealizada. Tudo girava em torno do seu incômodo e da repetição de uma frase que hoje retorna ao autor de forma direta. É difícil estar com alguém fora do seu ciclo social? É difícil incluir sua companhia nos seus eventos sociais? Não deve ser já que seu ciclo social se virou para outros lados. Acertei?
O bom de lembrar desses detalhes é que depois eles pairam pelo subconsciente do meu eu e lá fica até se tornar ínfimo, como nos encontramos agora.
Talvez você diga à ela as mesmas baboseiras que falava pra mim e ela acredite porque você costuma ser sincero. Talvez você relate elogios tão bonitos que quem olhe de fora acredite. Talvez já tenha encontrado a pessoa certa pra estar - palavras suas - e pare de atrair coisas velhas pro seu lado. Talvez seja aí que você encontre conforto e sorrisos.
Espero que você nem tome conhecimento disso. E o que importaria se tomasse? Você já tem um norte - ou vários. Eu também.

domingo, 25 de setembro de 2011

Carta à você II

Desligou o rádio em mais uma música que relembre aqueles tempos. Chega de romances baratos e crenças medíocres, duvido que ao contrário tenha sido assim. O exercício psicológico diário começa assim que o sol se põe e a intensidade diminui a cada dia. Melhor assim. Pela primeira vez sente medo de encontrar em um lugar comum - ou incomum. Ao mesmo tempo que o coração clama por uma surpresa, a razão treme de medo por encontrar - não sei como reagir...
A confusão é ínfima mas persistente. Uma confusão diferente, estranha. São dois lados: em uma face o filos, em outra o eros. Por isso o medo? Qual lado vai se manifestar?
Vontade estranha de ouvir seus causos, suas histórias e de perceber, mais uma vez, pelo canto dos olhos, seu olhar de aprovação, de graça, de carinho. Sem maldades, sem apelos.
Talvez estivesse escrevendo a últimas frases em direção ao passado. Não há porque remexer em fotos preto e branco, a poeira já tomou conta, as jóias enferrujaram.
Tudo novo, pra frente. Ao contrário é diferente, a felicidade domina e nem há lembranças do lado contrário.
Mas desliga-se o rádio em todas as músicas que relembre aqueles tempo.
Se quer saber, ainda te espero.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Carta à você.

Descobri que o verbo cansar já está cansado de agir teoricamente sobre mim e creio que ele resolveu partir pra ação mesmo, sentida na pele.
Nessa ausência toda que eu/você criamos por circunstâncias da vida, o gosto pelo conhecimento deu lugar ao mundo idealista de um coração romântico; o hábito da leitura e do estudo afastaram ideias e sonhos que antes tomavam conta de mim. Confesso que receio muito ao afirmar isso por já ter afirmado outras vezes e o resultado posterior não ser aquele que eu pretendia. Confesso também que dessa vez não usei táticas mirabolantes para afastar tudo isso de perto; você o fez sozinho. Ah, claro, obrigada, antes que eu me esqueça. Jamais imaginei que fosse agradecer por tamanho feito inesperado - ou não devido às circunstâncias do tempo - que, a princípio me magoou muito, mas que agora está contribuindo positivamente para algo que, por longos instantes, achei que não fosse conseguir. Vale ressaltar que graças a miopia que me assola não pude apreciar cenas tão afetuosas em meio a um ambiente tão comum a mim. Mais uma vez, obrigada por tamanha colaboração.
Me desprendo - ou tento - do que estava grudado em mim, agora com motivos plausíveis e concretos para justificar - sem mais criancices muito menos planos. Engraçado que eu cheguei a tais conclusões baseada nas minhas dores, que deram origem (pasme!) a sua alegria. Quanto realismo carregado da nossa velha ironia pode-se ver aí. O fato é que descobri que, assim como Fernando Pessoa, "tenho em mim todos os sonhos do mundo" e você não pode fazer parte deles já que você me limita, me restringe, me prende de tal forma que me sinto pequena, impotente, fraca. Acumulei objetivos que excluem qualquer influência sua e, até mesmo a sua sapiência em relação a eles me prendem novamente. Já sou comodada e insegura demais para que alguém me enfraqueça desse modo. Também estou em fase de amadurecimento avançado; não quero retroceder ao nível um. Sem maiores utopias, não tenho conversado com estrelas.
Pois bem, essa não é uma carta de amor nem de dor, nem de sentimentos. Abandonei, como disse, a prosa romântica de um coração apaixonado por um poema modernista que não tem métrica, forma, nem rima, mas tem um conteúdo renovador e separatista que se assemelha a esse momento.
Agradeço-te, portanto, a tão belo trabalho que instigou minha rebelião e meus bons pensamentos. Peço-te respeito e aceitação pois para todo ciclo, há um fim. Não entenda isso como um adeus. Nem como um até logo.

sábado, 30 de julho de 2011

Releitura

Como em toda sexta, dona Marta voltou da feira com a sacola cheia. O céu brilhava estranhamente no inverno e até estava fazendo calor. Mesmo assim, a casa estava bagunçada. Então dona Marta começou a arrumar e a limpar também. Deixou a sala um brinco e ao partir pro quarto, observou que o cômodo há muito precisava de uma nova organização. Sozinha em casa, com 63 anos e uma visão impecável, retirou os livros da prateleira e o quadro de fotos - hábito que mantinha desde a mocidade. Após desnudar o quarto, pensou no que mudar de lugar.
Foi então que sua vida passou como um filme em sua cabeça. Talvez o excesso de sol tenha feito isso, mas dona Marta realmente precisava mudar de lugar muita coisa na sua vida - só não tinha reparado ainda. Será que vivi direito meus 63 anos? O que fiz com meu casamento? Aproveitei meus momentos felizes, aprendi com os tristes? Eram perguntas bobas, mas fez toda a diferença na organização daquele quarto.
A cama trouxe lembranças do casamento, do marido carinhoso e dos momentos em que dona Marta se sentiu mulher, querida - pena que tudo foi uma fantasia momentânea, pois logo após o casamento, seu Leopoldo partiu com a dançarina do cabaré, o que deixou na mulher a marca da renegação. Com a moral abalada, dona Marta decidiu não abaixar a cabeça e saiu à luta. Foi na biblioteca deixada pelo marido que encontrou uma nova vontade de viver e a renda para seus dias - foi então que o armário começou a ficar pesado, graças aos títulos dos romances e dos policiais que ela não vendeu e fez questão de guardar. Fora feliz na livraria construída embaixo da casa que viveu e sorriu novamente. Na mesinha de cabeceira, encontravam-se as cartas por tanto tempo trocadas entre o jovem casal. As folhas eram amareladas e a caligrafia gasta, mas todas estavam no mesmo envelope azul-marinho; na caixinha de jóias a única recordação boa que seu Leopoldo deixou foi a correntinha de ouro que presentou sua então amada no dia em que declarou-se apaixonado por ela. Quanto mais dona Marta vasculhava seus móveis, mais recordações tinha do marido que se foi. Tudo parecia tão distante, mas era próximo demais. Seu coração nunca tinha experimentado tamanha paixão. Paixão revivida - pela enésima vez; dona Marta já tinha perdido as contas de quantas vezes seu Leopoldo tinha aparecido na sua velha casinha perto da praça - fazia três meses, do mesmo jeito como ele deixou quando se foi, com o mesmo cheiro, com o mesmo sabor. Com a mesma personalidade confusa, com o mesmo comportamento estranho e distante...
Daí que dona Marta, depois de ter molhado a blusa nova das lágrimas que derramou, resolveu jogar fora tudo o que remetia ao seu velho e constante amor. Jogou fora as recordações, os lençóis gastos pela paixão, as cartas e escondeu o que o coração clamou por não se desfazer. Colocou a cama embaixo da janela para que o calor da saudade não assolasse seus dias. No armário pesado, restou o gosto pelo policial, já que o romance era coisa da mocidade e, mesmo inteirona, seu coração já estava desgastado pela dor. Para a mesinha de cabeceira, ficaram os santinhos, as orações e dentro das gavetas as páginas em branco a serem escritas por novas histórias. Não conseguiu rasgar uma foto se quer em que ele estava. Como desculpa, precisava vê-lo imóvel e calado para que a força de não lembrar-se dele fosse maior. Escondeu no fundo falso da caixinha de jóias a correntinha e a vontade de amar novamente daquele jeito.
Levou a tarde toda para se desfazer de qualquer coisa que remetesse à ele. O sol foi se pondo, junto com suas mais remotas lembranças. O frio do inverno foi invadindo a casa - incrivelmente - e gelando o coração magoado. Pena que o frio conservou as feridas... Não fazia a menor ideia de onde seu Leopoldo estaria agora - talvez com alguém que estivesse satisfazendo suas necessidades de carinho e atenção, coisa que jamais tivera feito pelo jeito.
De uma coisa dona Marta tivera plena certeza naquela tarde. Tinha colocado em ordem muita coisa bagunçada de sua vida. E que, daquele dia em diante lutaria para ser mais forte, mais esperta, mais astuta, com novas respostas, novas vontades. Para experimentar novos amores, mesmo com a idade avançada.
E o que era pra ser simplesmente uma organização no quarto, virou uma epifania.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Quarenta e três minutos

Fim de jogo. Você ganha e eu perco.
Fim de jogo?
Estamos aos 43 minutos do segundo tempo
Num banho-maria eterno - agora finito -,
Que não há chama momentânea que reaqueça o que mal existe
E que eu, inocentemente, insisti em tentar manter quente - coitada de mim.
Faltam dois minutos pro fim de uma história que atendeu a pedidos
Com muita emoção, sem emoção alguma
De ataques surpresas e defesas extraordinárias
Só que sem resultados proveitosos - apenas alguns gols -
De uma história que era pra ter acabado no primeiro apito
Mas o juiz deu a prorrogação e aí... 43 minutos do segundo tempo
O time já joga sem vontade, não houveram muitas vitórias nesse campeonato
Já quase implora-se ao juiz... Quantos cartões vermelhos...
Agora já falta um minuto
O adversário se empolga com uma nova tática de jogo
O time perdedor entrega de bandeja o gol - merecido talvez -
Conhecia-se a jogada, mas não esperava o lance
A torcida é tensa, mas o time já entregou o jogo
Fim de jogo.
Time de cabeça erguida; adversário com o troféu na mão. Corrida pelo estádio.
Sem mais prorrogações, você ganha e eu sobrevivo.

domingo, 24 de julho de 2011

Essência

Poucas coisa me definem tanto como um bom livro, esmalte vermelho e o gosto pela História. Acho que, assim como Clarice, vivo me buscando e nunca me acho - claro, ainda tenho muito o que buscar em mim. Lispector morreu se buscando e jamais se encontrou. As dores dos amores mal resolvidos fizeram com que ela se perguntasse todos os dias qual era sua essência. Talvez eu me pergunte isso todos os dias e busque a minha essência. O que seria um paradoxo já que me algumas coisas me definem, se torna uma aventura diária pra mim mesma pois nunca sei como vou agir ou como vou pensar diante das situações. Principalmente diante do amor.
Acredito que não tenha vivido o suficiente para afirmar que já estou desiludida com o amar. Não totalmente; com o tempo, nessa intensa busca de mim, o amor se mostrou rude e caloroso e eu me mostrei frágil e indecisa diante dele. Nunca sei como agir diante dele. Atualmente, construo uma fortaleza ao meu redor querendo proteger a todo custo o que ainda resta de um pedaço de um coração por vezes amargurado. Nostalgias a parte, hoje me encontro realista demais para acreditar na tal esperança que dizem por aí que anda de mãos dadas com o amor. Que cena romântica, permito-me dizer, mas não me convence - não agora.
A verdade é, como diria Clarice, "tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calma e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre."

domingo, 17 de julho de 2011

Vitória.

Demorou tanto para acontecer que está muito difícil de acreditar. Quando se sonha muito com uma coisa, a cabeça gira em torno disso e não há muito o que fazer quando se encasqueta com isso. Mas, como já diria Renato Russo, "quem acredita sempre alcança". Concordo. Mas devo adicionar a informação de que sem apoio ninguém vai a lugar nenhum. E apoio foi o que mais tive durante esses longos 3 anos, 5 meses e 8 dias de espera interrupta por um lugar ao sol.
O mais engraçado é que quando você menos espera, pinta. Tudo bem que essa frase é extremamente clichê em relação ao amor, mas se encaixa perfeitamente aqui. Acredito que Deus faça isso para que vejamos a atuação d'Ele em nossa vida. Aliás, devo a Ele minha vitória. A Ele, aos meus pais e meus amigos mais próximos. E a mim, óbvio, que não desisti.
Na verdade, meu caminho foi bem turbulento. Por várias vezes quase sucumbi e pensei em largar tudo por não me achar suficientemente boa. Aprendi muito com isso também; um dos defeitos pelo qual mais lutei foi a insegurança e estar melhor quanto a isso é incrível.
Muitas coisas boas e ruins me fizeram chegar onde cheguei, muito esforço, muitas derrotas, muitas horas em que não acredite... Deu tudo certo - e muito certo - no final :)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Inverno de julho.

A sola dos sapatos estavam gastas: andara por muito tempo e não sabia ao certo quanto tempo foi. Estava cansada, com a maquiagem borrada; ao fundo, o barulho das ondas abafavam os soluços repentinos. Ainda bem que as pessoas não estão aqui, elas não entenderiam a voz de um coração atordoado.
Estava em um típico inverno de julho. Como sempre, as temperaturas eram baixas e a cidade tinha uma coloração acinzentada. O relógio previa uma noite fria, jamais antes vista, e o sol ainda nem havia se posto. Normalmente ficaria em casa, aquecendo-se. Mas a frieza da realidade estava presente desde a manhã e agora, sentir a brisa da tarde no rosto era o que aquecia. Quanta metáfora, pensava. As baixas temperaturas, o cinza da cidade, o deserto em plena luz do dia, o silêncio totalitário... E a mesma resposta que ecoava em sua cabeça.
Não pode conter aquelas que aliviavam sua dor. O vento fez o trabalho de secá-las, mas amargura não evaporava, como água e sal. Pensar que já vira tudo isso antes não melhorava em nada, como se vingança de ações passadas justificassem tais atitudes. Antes ajudasse. A tristeza do adeus não dado era maior e por isso elas caiam de seu rosto.
Então cortaria laços, projetaria sua vida pra frente.
Isolada junto aos prédios de luxo, o cachecol era levado pelo vento e os sussurros das promessas feitas a si auxiliavam na organização dos pensamentos. Mais um ano em que nesse período o destino nos encontra e resolve agir contrariamente; cenas já vistas antes.
Antes de tocar sua vida, contornaria tudo o que fazia lembrar do passado. Desde de pequenos detalhes até acontecimentos maiores, que a mente custava em lembrar - infelizmente tinha uma memória excelente pra isso. As formas começaram a surgir e eram táticas diferentes. Tinha que dar certo, estaria colocando um ponto final naquilo que tentou pontuar há alguns meses e que não dera certo por ser fraca, sensível, tola.
Quando se deu conta, o sol havia se posto e as primeiras buzinas indicavam que o trânsito se formara. Olhou para o relógio e, mesmo amargurada porém forte, seguiu para a multidão.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Grenade

Se for pra doer, que doa de verdade.
Se for pra fazer sofrer, melhore seus argumentos.
Se for pra ser vingativo, apimente seus atos.
Se tudo isso já foi sentido, obrigada por me lembrar de treinar.
Se é pra comer frio, então congele.
Se foi pra devolver na mesma moeda, péssimo jeito, há outros melhores.
Se não quer partilhar, não me procure.
Se é pra provocar, você já foi melhor nisso.
Dizem que a raiva se torna combustível quando todos os seus músculos se contraem e os olhos liberam lágrimas. Pois que assim seja. Há muito procuro motivos pra me livrar disso e eis aí, nem precisei de esforço...
O que era pra ser uma história, virou um desabafo. E que fique registrado para a posteridade.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Brain x Heart

Se desse pra juntar coração e razão na mesma opinião, duvido que teriam existido as teses iluministas ou qualquer outra cisão entre um pensamento antigo e princípios novos. O mais interessante é que mesmo depois de tantos séculos, a razão e a emoção como muitos dizem, continuam confundindo e insistindo em participar de um mesmo pensamento. Já que os grandes pensadores não conseguiram separar tais frentes, imagina se um simples mortal conseguirá. E não é diferente: sempre que alguma decisão precisa ser tomada, o coração fala alto demais - sempre ele -, principalmente se o assunto se refere a ela. Daí, tenta seguir o que ele diz...
Adam Smith poderia ter seguido, mas ele não desenvolveria a Escola Liberal. A razão sempre é a mais fria e determinada, mas tudo funciona quando se opta por ela. Foi por ela que Montesquieu desenvolveu a divisão dos três poderes e Jonh Locke pode fundamentar a revolução industrial inglesa. Esses caras apostaram nos pensamentos diferentes da época e foram felizes, pois hoje temos a democracia - não que ela seja boa, mas tá em vigor - e as bases industriais consolidadas. A verdade é que ser racional nem sempre é ruim se o que está em jogo é seu futuro. Ainda que ela seja ruim, há males que vem para o bem e um sonho você só conquista sozinho. E se o coração fala mais alto - às vezes - ele saberá esperar pela hora dele.

domingo, 12 de junho de 2011

Indivisíveis


O meu [encanto] e eu sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos dela,
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso
E a mesma animal - ou celestial - inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que diséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único [encanto] sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
Que eles levariam procurando uma coisa assim por [muito tempo]...


Mário Quintana

domingo, 5 de junho de 2011

Ainda que

Locução conjuntiva subordinativa de concessão.

Ainda que se esqueça, que finja que nada aconteceu,
Ainda que se consiga olhar dentro dos olhos e não lembrar da quantidade de água que saiu por culpa dele,
Ainda que formem dois arco-íris de novo,
Ainda que não se ouça mais certas músicas e lembre dele,
Ainda que a raiva que sente da idiotice que ele fez passe,
Ainda que não se sinta mais o típico ciúme cada vez que ele fale com outra pessoa,
Ainda que não queira mais se esconder, que não se importe em conversar como está a vida,
Ainda que não se tenha medo de que ele possa estragar tudo de novo,
Ainda que o medo de se sentir dele passe,
Ainda que não sinta mais vontade de nunca mais olhar pra ele,
Ainda que não se ache mais que é possível ser feliz com outras pessoas - mas só com ele - e que é possível encontrar conforto e carinho em outros braços que não os dele,
Ainda que outro coração supra a falta que ele fazia de forma plena,
Ainda que os pensamentos diários se esvaem, que as lembranças se afastem,
Ainda que a distância volte a inspirar boas idéias e não só textos inúteis e tristes e amargos feito esse - tão rotineiros,
Ainda que se consiga ser melhor do que é, que se amadureça,
Ainda que olhe pra ele e pense que não deveria sentir o que sentia, que deveria ser maior do que tudo isso, que isso deveria ser deixado de lado,
Ainda que ouvir o nome dele volte a colocar um sorriso no rosto por soar normal,
Ainda existirá sempre esse abismo enorme entre os dois que é a diferença infinita da definição de sentimento para eles.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Happy-hour

- Luiz, agora pode trazer aquela...
Ele já sabia que esse era o sinal de fim de noite. Até porque na mesa todos sorriam e falavam alto demais. Aquela sempre encerrava porque era mais forte, mais gelada e especialidade da casa.
Todas as sextas, a mesa do canto perto da entrada ficava ocupada e não tinha quem não soubesse da nossa estadia ali. Lugar cativo não se mexe. Somávamos em torno de oito que se encontravam para celebrar o mesmo motivo de sempre. Além da chegada do final de semana - óbvio - o que nos unia eram as histórias pra contar.
- Boa, Luiz! Já vai fechando a conta...
Naquela noite, o ambiente estava mais movimentado do que de costume. Ao fundo, um violão emanava muito bem a doce melodia das letras de Chico, nosso saudoso ídolo - e mais um motivo que nos unia. Com o copo na mão, um de nós bradou a letra, trocando em miúdos e expondo a melodia que soava. Cena digna de risos gerais, a voz deixou de cantar e o copo se juntou ao violão. E depois do desfecho, aplausos foram o melhor presente - junto com a conta.
- Bela cantoria! Semana que vem, você deveria cantar também.
- Cada semana é uma voz e um motivo novo, Luiz!
Claro que toda semana alguém cantava. E sempre o mesmo estilo. Um vez, resolvemos presentear-nos com a coletânea mais recente, bem no estilo de Buarque. Foi um motivo pra comemoramos na mesa do canto, até a bandeja entrou na cantoria.
Daí que depois da conta, o carro ficou cheio. O bom daquela sexta foi que estávamos bem e as histórias da semana foram deixadas na mesa - junto com a gorda gorjeta pro Luiz. No caminho, o único som que saia era das risadas e das lembranças do copo.
Essa vida de boemia é algo que nos conforta. Esquecemos de tudo enquanto estamos ali. Somos fortes, super-heróis com poderes, exemplos de coragem e de ousadia, somos capazes de fazer promessas que serão cumpridas com afinco. Juntos formamos uma tropa de choque, capaz de ultrapassar barreiras, contar de novo histórias surpreendentes e até aumentar certas aventuras.
O trajeto é longo e ao longo dele, eis que um refrão conhecido é cantarolado baixinho, com toda a sinceridade e verossimilhança, que a saudade da metade afastada é o pior tormento daquele velho coração amargurado .

domingo, 22 de maio de 2011

Semântica

Perguntei pro Aurélio
O nome do negócio que me preenche
Quando o assunto é aquele guardado
Ele me respondeu com uma palavra
No mínimo estranha, que conseguia expressar
Aquilo que eu não consigo expor graficamente
Tem polissemia, é conotativa
Ora verbo transitivo, ora substantivo masculino
Ora longe, ora perto - no íntimo do meu eu.
Mas Aurélio, não precisa ser literal
Nem tão exagerado
Há outras formas de usar essa palavra
Até acho que quem tá sentindo isso
É você, em meio à seus significados infinitos
Estás quase certo, caro senhor
Mas o que se passa aqui dentro é uma mistura
Dos opostos, das tradições, dos adjetivos, dos pensamentos
Expostos na vasta polissemia dessa palavra - e do seu oposto -
Que somados não resultam nem se assemelham a isso
Aconselho que vá estudar, porque de sentimentos
O senhor está atrasado alguns longos anos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Autopsicografia

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."



Fernando Pessoa.

domingo, 15 de maio de 2011

Fairway

Eu odeio a sua ausência. Quanto mais longe você está de mim, mas eu me afasto de você e isso é estranho. Seu fantasma continua pairando meu dia-a-dia. Nos ônibus, todos têm o seu jeito. Seu perfume continua me perseguindo - e agora mais a ainda. Quando preciso de alguém, é em você que penso antes mesmo de precisar. Sinto sua mão na minha cada vez que tenho medo. Minhas palavras se tornam repetitivas, porque já não sinto a mais a dor, apenas convivo com ela. As músicas - principalmente as de sempre - ressoam em meus ouvidos e eu cantarolo algumas sem sentir. Meus olhos procuram os seus sempre que dou um passo a frente, a fim de ver seu sorriso e receber seu abraço. Busquei um nome que defina o que eu sinto, mas tudo se resume a você. Também tenho cansaço e isso torna meu sentimento rotineiro, que nem eu aguento mais. Às vezes acho que você faz de propósito, como se soubesse que ficar distante é o jeito certo pra que tudo fique bem. Eu concordo com você, mas tenho receio do próximo encontro. Aí você me pergunta porque eu encontro conforto em outros braços que você considera inferiores aos seus. Nem precisa de resposta, você a responde todos os dias, todas as vezes que fica ausente. Não reclamo do seu cheiro nem daquilo que me atrai em você. Pra falar a verdade, nem sei se quero que você me atraia mais. Quero dá um fim no "ciclo sem fim". Minhas palavras poderiam ter um tom triste, mas agora, elas possuem um tom de tentativa de adeus, de desprendimento. Eu poderia estar pior, mas quer saber? Eu amo sua ausência.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Disfarce.

Eu tenho um milhão de motivos pra fugir de pensar em você, mas em todos esses lugares você vai comigo. É impressionante a sua capacidade de onipresença na minha vida - mesmo que você esteja há quilômetros de mim. Você segura na minha mão na hora de atravessar a rua porque sabe que eu tenho medo, você me olha quando eu pego o celular pela milésima vez acreditando que você me ligou e eu não vi e sente orgulho de mim quando eu tenho sucesso em alguma coisa que parece tão banal e vira o rosto se algum homem vem falar comigo. Você prefere não ver, mas eu vejo você o tempo todo e isso, há muito, já me cansa.
Talvez o certo seria uma rebelião da minha parte. Algo parecido com os textos que você lê, reivindicando atitudes, assumindo posturas e radicalismos. Ou talvez o certo seria ações meio desesperadas, de forma que você soubesse rápido e ficasse imóvel diante do meu texto confuso e cheio de períodos. Ou fugir da sua presença, com um sorriso amarelo e um abraço distante; procurar erros na sua conduta pra justificar minha ausência; arquitetar planos com detalhes que você odeia; ser totalmente fria e calculista por saber isso incomoda... Daria totalmente certo com qualquer outra pessoa, menos com você que sabe exatamente como reverter cada situação com um olhar diferente, com um toque carinhoso e uma fala mansa. Você transforma demais tudo o que eu tenho sob controle. E isso se torna um problema porque você sabe exatamente o que eu preciso só que prefere deixar como estar, pra não repetirmos dores - que você não sentiu - passadas. Eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana. E fazendo isso, eu só consigo piorar as coisas. Pra mim.
Talvez o que existe dentro de mim - que eu não sei o nome - tenha aprendido a ser menor só para nunca deixar de existir e ser menos dolorido e com lágrimas. Só pra ser distante, escondido, disfarçado na sua onipresença.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Só hoje...

Dessa vez foi diferente desde o início, no meio e o fim foi o oposto da outra vez. Estávamos diferentes mas você pareceu mais diferente pra mim. Sua aparência, seu modo brincalhão - algo que você expressou em um piscar de olhos -, seu sorriso alto. Até a sua blusa que eu não gostava te pareceu bonita agora nas suas costas que pareceram malhada e diferentes - e você sabe que eu percebi. Não precisei ficar fugindo ou te procurando só pra você saber que eu estava ali. Mas saber que você estava ali me lembrou momentos bons de sentir e de recordar. Éramos nós, com o sorriso no canto da boca, o coração batendo mais forte, as palavras medidas. Palavras medidas até hoje.
O mais engraçado é que tudo aconteceu em uma fração de minutos e desencadeou algo que só me permiti sentir agora, depois de algum tempo. E com sinceridade, sinto sua falta ainda hoje, mas de um jeito mais maduro, com moderação. Da sua companhia, do seu abraço - relembrado hoje. A certeza da sua presença ao meu lado era agradável demais, me fazia um bem enorme. Da sua conversa pausada e lenta, que me acalmava. Não sei se posso te considerar o garoto da minha vida - como você disse. Mas com certeza, eu vou demorar à encontrar um colo tão acolhedor e seguro. Calma, tudo passa e isso também já está passando. Sei das nossas limitações e sei também que caso elas não tivessem surgido, evitaríamos muitos contratempos - aliás, imaginei semana passada como seria se fosse diferente.
O vento vai continuar a dizer, lento, o que virá. Deixa ele falar por nós.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda
Mas invento palavras
Que traduzem a ternuar mais funda
E mais cotidiana
Inventei, por exemplo, o verdo teadorar
Intransitivo: Teadoro, Teodora

Manuel Bandeira

terça-feira, 12 de abril de 2011

Transparente

Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Sou isso hoje. Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina. E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calma e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre. Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil e choro também. Uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, bebidas, poses, frases de efeito, maquiagem e risadas altas. Foi exatamente assim que você me conheceu e que, talvez, você veja hoje. Poucas pessoas me viram tão transparente como você ou souberam do meu medo de andar em lugares escuros, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. E de que adianta todo esse conhecimento se você não sabe usá-lo a seu favor?

domingo, 10 de abril de 2011

"Nem desistir nem tentar, agora tanto faz..."

Mesmo prevendo todos seus passos, esse eu esqueci de prever. Se isso fosse bom por si só, tudo estaria muito bem como estava. Entretanto, a falta de prevenção para este passo me levou a vulnerabilidade da doce e temível realidade dos fatos. Eis o motivo pelo qual senti o medo maduro. Eis por que fugi por minutos. Pensando bem, seria melhor ter fugido de tudo. Eu estava seguindo minha vida sem problemas algum, com total equilíbrio. E você aparece, pra bagunçar tudo.
Entenda. Não reclamo porque não deu em nada mais uma vez - isso eu previa. Você não passa a segurança de um relacionamento concreto, você prefere procurar tal segurança em outros lugares e eu já estou acostumada com isso. Cansei de me perguntar porque não eu, que sempre estive ao seu lado; quem você se apóia quando precisa, quem você chama pra obter qualquer tipo de conforto momentâneo. Cansei. E cansei agora também. Cansei de depositar minhas ínfimas esperanças em alguém tão covarde como você, que se esquiva da realidade porque, sei lá, tem medo de enfrentar alguns sentimentos que talvez existam. O que eu duvido, você não é movido por sentimentos. Não em relação a mim. Chega desse papo de que somos regidos pela atração, que mexemos um com o outro e que o desejo é mais forte. Sejamos realistas dessa vez, que foi muito diferente das outras. Agora o peso não é esse, eu não sinto o mesmo de antes, mas você continua o mesmo de sempre. O mesmo infantil, tradicional, patético. Cresça, junto com o que eu cresci. Faça algo antes que eu canse de vez de ser, até mesmo, seu "porto seguro". E dessa vez, eu sou capaz de fazer isso sem medo do futuro. Não duvide.
Pois bem, deposito o que há de raiva em mim aqui, nessas letras, pra não depositar no mundo, pra pensar melhor antes de descontar tudo e todo meu cansaço em você.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dialética

Baseado em poucos sentimentos que se prezem e ambientado em um lugar já antes explorado, mais uma vez foram rendidos pelo destino. Ou sendo mais realista, pela velha atração e casualidade de um encontro marcado. O que não era segredo pra ninguém: o conteúdo das mensagens instigavam e demonstravam o que viria pela frente. Bastou uma boa conversa fútil e algumas insinuações para que tudo ficasse claro e as circunstâncias levassem a tal rendição. Nenhuma novidade exuberante. Considere uma reconstrução daquilo que já se sabia há algum tempo e que, passados alguns contratempos e acontecimentos da vida, os jeitos e sabores e cheiros foram relembrados. E depois parecia que tudo estava como antes. Os pensamentos que assolavam os passos e agora uma conversa normal, eram inúmeros e distintos. Ou iguais, por incrível que pareça. A não ser por pequenas parcelas de sensibilidade de um e por vezes de outro, acredito que nos minutos que sucederam o esperado nenhum coração batia mais forte ou nenhuma fonte mais precisa de esperança aflorava nos dois. Também não precisa, os destinos já são cruzados mas o laço mágico só funciona algumas vezes. E talvez, o antigo encanto não desabroche tanto assim porque o pouco que resta dele está guardado a sete chaves. Melhor assim, mais cômodo pra ambos. Dá pra administrar sem muitas inflações e juros uma relação que já passou da amizade e que está à frente da fraternidade. É fácil ser um do outro e não ter qualquer sentimento de posse ao mesmo tempo, tornando-se algo fascinante e, como sempre, irônico. Quem não gosta de ironias? Afinal, você é imprevisivelmente previsível. Eu sou uma metamorfose ambulante.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Além do que se vê

"A chuva, a noite, o silêncio, a conversa, os risos, os indícios, eu, você. Passava pela minha cabeça se eu ainda era capaz de te desorientar. E pra que tantos rodeios se a resposta vem claramente: você me envolvendo com um carinho igualmente diferente, capaz de enlouquecer qualquer coração amargurado. E você consegue, incrivelmente, você sabe onde chegar pra não me deixar sair correndo, fugindo. Sempre fugindo, daquilo que já senti, daquilo que tenho medo de sentir, daquilo que acumulei ao longo do tempo. Fugindo por comodismo, por saber que longe não sofrerei, por facilidade. Te tranquei por fora, me tranquei aqui dentro e ainda não consegui destrancar. Você é tão tradicional quanto intenso. E é capaz de alternar para o calmo algum tempo depois. Seus olhos são exatamente iguais quando, achando que eu não vejo, me olham com desejo. Suas atitudes parecem ser calculadas e você sabe como me seduzir. Sabemos o ponto que dá arrepio, o carinho que atiça. Não pretendemos nada, mas somos capazes de presumir tudo. O que não quer dizer absolutamente nada, já que podemos inferir o fim disso tudo. Afinal, de que adianta estar explícita nossa afinidade se há a sua indecisão característica? Aí eu me pergunto até onde vamos com isso. Até quando vou precisar ser fria e racional demais pra me proteger. Meus sentimentos foram ínfimos, não é mentira. Mas eles ainda infelizmente existem e não sei até que ponto eles continuarão ínfimos. Agora deixa estar, sem racionalidades. Porque o nosso clichê, que jamais será referência de nenhum outro, tem um quê de ironia que me faz querer você ainda mais, mesmo sabendo o que me espera na próxima esquina. E vamos, cegamente, ganhar ou perder sem que ninguém precise saber."

quarta-feira, 30 de março de 2011

Carinhosinceramente.

Se pareceu carência, esquece: não foi. Há muito não sinto o encantamento e o frio na barriga quando penso que um dia pode acontecer de novo. Há tempo não desconto isso em você. O tempo passou. Passou rápido, houve mudanças de ambos. Afinal do que adianta estar em evidência que daríamos certo se você não é capaz de mover um dedo pra que isso seja possível? De quê adianta eu ter uma pontinha de ciúme quando mais uma menina/mulher idiota vem pedir seu telefone - ou quando eu sei que você dá - recusando todas as suas circunstâncias (que só eu sou obrigada a lembrar), se você não dá um passo em minha direção pra que elas vejam o que está acontecendo? De quê adianta ter a certeza de que eu sou a mulher da sua vida - porque você diz isso - se eu não faço parte da sua vida como antes? Pois é, o frisson de sempre passou com isso. Não se lamente, apenas aceite. Aceite sua condição na minha vida. Você não voltou para sua posição inicial, mesmo me bajulando carinhosinceramente. Mas fique satisfeito com o neologismo, de verdade, é um bom lugar vindo de quem amadureceu. Maturidade realista, reparou, né? Já não era sem tempo: uma parcela significativa foi por sua causa - que ironia. Um choque de realidade nos separa como há muito não fazia. Já era esperado por mim e, talvez, por você - se é que você pensou nisso. Nem tente discordar: olha onde está meu espaço na sua vida. Não diga que é o mesmo porque não é. Tem novas coisas, pessoas, cheiros, sabores, destinos, objetivos. É, eu já sabia disso e confesso que demorou pra chegar. Não digo ainda bem, tudo mudou muito desde àquela quarta feira cinzenta. Ou melhor, desde a sua carnificina. Faz pouco tempo. Mentira, faz muito.

terça-feira, 29 de março de 2011

Pedaços




Um pedaço de mim reclama tempo para viver,
Outro assume a responsabilidade e quer apenas trabalhar.
Um pedaço de mim quer viver um grande amor, e entrega-se sem medidas,
O outro tem medo, já sofreu decepções e por ele, nunca mais me apaixonaria.
Um pedaço de mim é brincalhão e vive rindo,
Outro é triste, tem momentos de puro isolamento.
Um pedaço de mim é derrotado e quer desistir
Outro quer viver, quer vencer.
Um pedaço de mim sofre com a dor dos outros,
Outro quer que eu cuide apenas das minhas dores, que não são poucas, já que vivo em conflito.

Entre o que eu sou e o que eu gostaria de ser, entre o que tenho e aquilo que gostaria de ter,
Um pedaço de mim sente-se satisfeito, o outro grita por novidades, por consumo, por gente,
por beijos e amores inconstantes.

Nesse turbilhão, acordo todos os dias
Tentando unir esses dois lados que coexistem em mim
E que por mais diferentes que sejam, ainda assim, só querem mesmo, o melhor para mim.
Hoje eu junto o ser e o querer, o que fui e o que desejo ser, para cumprimentar a vida,
Abraçar meus sonhos e pedir passagem simplesmente para ser feliz.

domingo, 27 de março de 2011

Pois é...

É, você tem toda razão: eu sou um clichê. De todos os sentimentos, de todos os textos, de todos os gostos, as músicas, as palavras. Sou normal, não me destaco, não penso nada de novo.
Você deve me achar mais um garota normal, daquelas que não acrescentam nada na vida; mais um que conta os remorsos da vida, que chora por amor, que escreve romaticamente, que pede pra voltar, que sente falta. Tenho um coração - como todas as menininhas -, tenho desejos, vontade enrustida, sonhos loucos, história felizes.
Amigos diferentes, ecléticos; defeitos - muitos deles você conhece, por sinal - imensos e irreparáveis que talvez, um dia, com muito esforço, eu conserte eles - ou não. Gosto de umas músicas estranhas, idéias mirabolantes, pensamentos criados na hora, teses malucas e frases de grandes escritores - coisas que você também têm. Às vezes sou paciente, gosto de escutar - e você gosta de falar -, não faço muitas besteiras, por isso não tenho assuntos novos com frequência. Gosto de rezar e rezo pelos outros quando é necessário.
Sou normal, não me destaco. Meu corpo é normal, meu cabelo também e meus óculos me dão um ar de nerd e de mais adulta - além de aproximar caras na night rs. Não gosto de moda, mas adoro ousar de vez enquanto. Meu perfume também é normal, não chama a atenção - só a sua, é porque você não fala. Aliás, meu corpo é normal, mas você não pode me ver de short.
Possa ser que eu seja um clichê. Mas você não pode negar que eu mexo com você.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Passageiro.

Ainda bem que tem lugar pra sentar, meu dia foi cansativo demais. Ainda bem mesmo, esse metrô demorou muito, não aguentava mais esperar. E tem lugar na janela, melhor pra pensar.
- "Opa, quer que eu segure?" - "Ah, que ótimo...". Engraçado, rosto parecido com... Para de pensar nisso. Já acabou, foi só uma noite. E não fique com a consciência pesada, foi só uma noite. E que noite, que beijo, que corpo... Tudo bem que eu tenho o mesmo em casa, mas que corpo. Faria de novo. Faria mesmo? Com que coragem? Olhava pro celular toda hora pra vê se não estava vibrando, com medo. Medo é para fracos. Foi só uma noite, para com isso.
Uma noite... De muitas; já faz um mês que toda sexta feira me encontro com aquele corpo, com aquele cheiro, aquele beijo. Não consigo me desfazer daquele toque característico, das suas mãos suaves, do jeito como me acaricia, de como me dá prazer, da sua ousadia. Que sentimento o que, não há espaço para sentimentos em mim. Só tive sentimentos uma vez e já foi o bastante pra irmos morar juntos. Sentimento, carinho, cuidado, assim como o medo, é para fracos.
Mas acho que vou parar com isso. Daqui a pouco as coisas ficam sólidas e eu não vou morar em duas casas mesmo. E também porque um dia tudo pode vir a tona e eu não vou mentir. Ou melhor, vou sim. Foi só um caso, passageiro de um mês. Foi passageiro, claro, sem problemas, todo mundo passa por isso. Que mal há em se divertir as vezes? Não vou me divertir igual em casa. Dá pra conversar, beber, fumar um cigarro, repetir a dose. É só um caso, todo mundo têm. E além do mais, brigamos muito em casa. Há estresse demais no trabalho e sexta é um único dia e momento e pessoa com quem posso me divertir, relaxar, desligar o celular e não pensar em mais nada. Depois, sempre surge uma reunião importante e tudo fica bem. Às vezes, me divirto duas vezes na mesma noite e em lugares diferentes. Quando isso acontecesse, no dia seguinte estou no apce da minha alegria... Que maravilha de semana.
Acho que minha estação está chegando. Mas já? Levo sempre quarenta minutos até lá, o que aconteceu hoje? -"De nada! Boa noite" - Ainda tenho que passar no mercado. Ih, meu celular tá sem rede. Daqui a pouco aparece trezentas mensagens. E hoje ainda é quinta. Saco, que gravata apertada...

sábado, 19 de março de 2011

Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Detalhes

Aos poucos, vou me desfazendo de pequenos detalhes que faziam parte do meu dia-a-dia e que eu nem sentia que fazia.
Me desfaço das cenas de novela, das imagens que se repetem na minha cabeça - aquelas que mais marcaram. Do seu perfume tão bom, do seu cheiro de roupa limpa, das suas mãos, das suas costas, de suas manias.
Das minhas manias. De esperar ouvir sua voz todos os dias, de poder te ligar pra dizer que tô com saudades do seu cheirinho. De pegar o ônibus ansiosa pra te ver, mesmo que ele sacuda muito. E olha que eu reclamava de ter que andar tanto...
Dentre todas, a minha maior dificuldade é me desfazer do sorriso que você dava enquanto me beijava. Um detalhe tão pequeno, mas que é o que mais me faz falta. Não tem nada demais, mas eu me sentia tão querida e amada quando você fazia isso. Do seu abraço protetor, segurando minha cintura tão levemente... Me sentia segura.
Te confesso que estou usando táticas para me livrar desse excesso de saudade. Eu sei que o tempo tudo cura, mas enquanto ele não passa, me esforço. Me faço de forte, de segura de mim, de que tô superando. Tô superando, mas eu não sei se você conheceu meu lado sentimento direito a ponto de saber que isso vai demorar um pouco pra passar. Um pouco muito.
Não tem problema. Nascemos para amar e pra suprir a falta desse amor quando ele vai embora depois. Uso métodos simples, fica tranquilo.

domingo, 13 de março de 2011

Todo Carnaval tem seu fim

Infelizmente, tem mesmo. Junto com ele, tem fim minhas angústias, minhas lágrimas, minhas esperanças. O tempo acabou pra você e pra mim, vida que segue agora.

Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas. E eu pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?
Mas eu me enganei. Amar é entrega e eu demorei a me entregar - e não me entreguei totalmente. Não permiti que você fosse o garoto da minha vida - ainda bem... Custei a falar o que sentia sem medo que você me fizesse sofrer. E quando falei... Pois é, mas ainda bem que você não foi o garoto da minha vida.
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, sabe? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
Aí eu penso: se você tivesse ficado, teria sido diferente? E penso de novo que foi melhor mesmo interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais, por que ir em frente, né? Já dizia o ditado: quanto maior o patamar, maior é o tombo. É melhor escapar deixando uma pequena e forte lembrança qualquer, presentes, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
Tudo terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.

sábado, 12 de março de 2011

Alô?

Parabéns, você fez o que eu pedi e me ligou. Mas não falou nem metade das palavras que eu esperava ouvir. E mais uma vez, vendi meu coração e você não soube comprar.
Eu entendo suas confusões, mas não entendo sua postura. Seus dias pra me dizer o certo estão acabando - eu coloquei um tempo, mesmo tudo sendo muito recente. Porque todos os dias espero que você se toque e diga pra voltar. Porque todos os dias, minhas esperanças de que você volte acabam. As coisas ainda me lembram muito você, o cotidiano me lembra você, as músicas, os filmes, as palavras... Todos sem razão de existir. É, eles estão perdendo a razão de existir.
Ontem chorei... Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas. Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de convivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor ofendido. Pelo amor perdido. Pelo carinho esquecido junto dos momentos bons. Pelos sonhos estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois hoje é já outro dia. Chorei. Agora, ponho os meus pés na estrada, procurando o caminho de novo. Vou ali ser feliz, mas não sei se volto.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Propaganda

Eu tenho um beijo que alterna do calmo pro intenso, você iria gostar. Acho que você tem olhos iguais ao meu beijo. A gente poderia ser interessante andando com suas mãos fofinhas e eu tão desengonçada. De repente as pessoas poderiam olhar e pensar: lá vai mais um casal apresentável e por isso mesmo dá certo. Seria lindo.
Eu olho tanto meu celular que já decorei de quanto em quanto são cinco minutos. Eu tenho vontade de jogar meu celular na piscina da vizinha. E me libertar da vontade de ouvir sua voz todos os dias, na mesma hora. Se você não ligar, nunca mais, eu vou ficar triste, igual fiquei semana passada porque não ligou. Igual eu vivo ficando chateada e vive passando. Eu tenho prostituído demais a minha espera - mesmo ela sendo pouca. E as coisas parecem perder a importância toda hora. O problema é que, para perder a importância toda hora, toda hora vivem ganhando importância, e eu já estou ficando cansada. Ah, se você me ligasse, a gente poderia ver aquele filme do Cisne que eu tô louca pra ver e, se no filme tivesse cena de sexo, eu iria morrer de vergonha. Depois você poderia me fazer alguns elogios, afinal eu passei o dia inteiro com a cabeça doendo da escova que fiz, esperando a sua ligação. Meus olhos continuam ardendo com a química, mas eu agüento a dor, eu agüento esperar. Aliás, eu ajeitei meu cabelo e minhas unhas porque você sempre elogiava.
O seu beijo poderia ser daqueles calmos e profundos e a gente poderia combinar tão obviamente quanto é óbvio o silêncio do meu celular. A gente poderia acabar de se beijar e cair na risada, uma risada tão ensurdecedora quanto o silêncio do meu celular. Seu jeito de fazer carinho poderia ser único e prazeroso. Ai depois você falaria suavemente no meu ouvido que me ama e que eu sou especial pra você. Me liga, me dá uma chance de ser extremamente sensual apesar das minhas pernas tortas e da minha ligeira gagueira. De ser extremamente sensível apesar de todas as ironias que eu te falo pra você não achar que pode me ganhar. Eu aprendo a gostar mais de futebol, de luta e até vejo PFC com você. Não, esquece, tô fora de PFC e quer saber de uma coisa? Vou continuar vendo BBB. É como você mesmo disse: isso é muito banal. Mas eu tenho tempo pra você, liga vai?
Olha eu me vendendo. Não sei porque faço isso, as coisas não são tão simples, você tem idéias contrárias às minhas. Mas mesmo assim, compre meu coração de novo. Recuse minha incapacidade de me achar amada e me ame. Se você me ligasse a gente poderia ter uma conversa séria a respeito da solidão e do tédio do mundo e que você possivelmente está vivendo e resolver ser feliz pra sempre. A gente poderia resolver isso e depois resolver que o mundo tem suas limitações e depois resolver que não tem limitação coisa nenhuma. A gente poderia mudar de opinião juntos e tornar a vida menos solitária e tediosa. A gente poderia fazer coisas diferentes, fazer planos novos, criar novas coletâneas musicais.Olha, é simples, são oito números que você já decorou e uma única chance de conhecer de novo uma mulher super bacana. Que, sim, tem chulé às vezes, tem bafo às vezes, tem ataques de histeria, ciúme e infantilidade às vezes. Que é engenhosa, estressada, que fala demais, mandona e cabeça dura às vezes. Tá bom, é mais do que às vezes, mas se você me ocupar com bom papo e carinho, eu juro que esqueço um pouco meu lado que não sabe se relacionar. Não é propaganda enganosa, eu garanto.
Eu não deveria estar falando tudo isso. Você tá sendo idiota, tá sofrendo também. Sofrendo a toa, por um motivo que daqui a pouco passa mas que você insiste em falar que eu deveria ter aparecido daqui há um tempo. Para com isso, vai? Você chorou, você tá sentindo o mesmo que eu. Eu nem deveria tá falando tudo isso... Você não cumpriu sua promessa de não me magoar e está me magoando...
Peraí, tá tocando aqui. Tem que ser você, tem que ser você... Será que você vai dizer tudo o que preciso ouvir?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Tempo.

Hoje o dia amanheceu em minha homenagem.
Quando eu acordei a cabeça ainda doía,
O tempo estava pesado, com nuvens cinzas.
Quando dei o primeiro sorriso,
O céu abriu um sol meio escondido, tímido.
Depois que me distrai, apareceu um arco-íris.

Enquanto pensava em você,
Caiu uma chuva miúda
Você fez surpresa e até fez calor
Senti uma pontada de esperança, bateu um vento fresco.

Sinto sua falta, queria você perto de mim.
Quando lembro que isso será difícil, meu coração dói.
Já segurei as lágrimas inúmeras vezes hoje.
Agora cai uma chuva torrencial.

quarta-feira, 9 de março de 2011

"É,

Eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me sequestre de uma vez. Talvez você pule esses três ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar. Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia”.

Caio Fernandes de Abreu.

terça-feira, 8 de março de 2011

Coração

Resolvi colocar minhas lembranças em uma caixa
Não é uma caixa muito grande pois as memórias são bem seletas
Caprichei na cor usando tons de vermelho
Pra lembrar do motivo da caixa.

Pensei no que por dentro dela,
E comecei a enchê-la de cenas compostas por sorrisos
De momentos de carinho - "detalhes tão pequenos..."
De promessas, com fotos, de presentes
Da companhia, com pequenas coisas, de canções.

Tive que por também as lágrimas
As palavras que doeram
As incertezas, a solidão, o abandono
As frases ditas sem pensar
As gozações, as imaturidades.

Confesso que a caixa foi pequena
Pra tanta história vivida.
Mesmo assim, não usei outra caixa
Aquela foi especial...

Ainda não fechei-a, sinto que há mais pra colocar
Há mais lágrimas, decepções e incertezas.
Mas espero colocar sorrisos e verdades.

sábado, 5 de março de 2011

Novela Mexicana, muchacho


Te gusta una buena y divertida história?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Jésus Amigo

Hoy, te quiero contar Jesús Amigo, que contigo estoy feliz.
Si tengo tu amistad lo tengo todo, pues estás dentro de mí
Después de comulgar, me haces como tú, me llenas con tu paz
En cada pedacito de este pan, completo estás, y así te das
Estás ahí por mí, porque conoces, que sin ti pequeño soy
De ahora en adelante, nada nos, separará, ya lo verás.

Te escondes en el pan, y aunque no te puedo ver,
te puedo acompañar, es mi lugar, preferido

Hoy quiero comulgar, abrirte mi corazón,
así de par en par, eres mi mejor, amigo

Dos, mil años atrás a tus amigos, invitaste a cenar, y ahí les prometiste que con ellos, por siempre ibas a estar.
Y ahora cada vez, que el sacerdote eleva el pan, en el altar,
me pongo de rodillas porque sé, que en esa hostia tú estás.


Te escondes en el pan...

Me vuelves a salvar, como lo hiciste en la cruz,
en cada misa tú, repites tu, sacrificio.

Hoy quiero comulgar...

Eres mi mejor amigo Jesús.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Último Romance

Queria contar diferente a história diferente, bem. É, minhas fantasias e personagens imaginários não vão conseguir reproduzir tal episódio. Mas eu acho que é melhor contá-la através da percepção de coisas que só nós dois vivemos naquele dia (que já faz algum tempo... nossa, passou voando!). Aquele, bonitinho, lembra? Do banquinho estilo de praça, do final da tarde friozinho, das pessoas olhando, da minha vergonha, do seu discurso "tô nem aí". Vários sons compunham o lugar, mas eu não ouvi nada, você ouviu? Engraçado...
Foi tudo tão rapidinho e bom; eu precisava de carinho e você nem hesitou em fazer. Um carinho de dá gosto. Eu nem comentei com você naquele dia sobre a nossa música, acho que eu esqueci... Ah é, depois eu fui cantarolando pelo caminho, enquanto passava na minha cabeça a cena da escada rolante: eu na frente e você vindo e pegando na minha mão; suas mãozinhas suaves e carinhosas. Você diz que lembra de todos os detalhes, inclusive da roupa que usávamos! Eu também me lembro...
Me lembro de um casal de velhinhos que passou perguntando a hora e o que eles falaram depois: "Que Nossa Senhora das Cabeças ilumine o relacionamento de vocês, tudo de bom!" Acredito que o velhinho tenha desejado que tudo desse certo para que nós chegássemos a como eles eram. Que bonitinho, né?
Mas uma coisa engraçada você não sabe - ou já sabe - e eu só descobri recentemente. Sabe a nossa música? Pois é, ela é inspirada na história real de dois velhinhos que se apaixonaram num banco da praça já velhinhos, e se casaram depois, sabia? ( História Real )
Não acredito em coincidências, muito menos em acasos. Você apareceu tímido na minha vida e eu soube apostar no seu jeitinho carinhoso, com um sorriso calmo, de fala mansa. E te falar que não me arrependo de nada e que, mesmo sendo muito clichê, dá pra notar na fila do pão que sou muito feliz com você, logo você que eu encontrei quando não quis mais procurar o meu amor.
Isso não é uma declaração de amor de filme antigo, antes que você ache exposição demais. Muito menos exibição de algo tão nosso. Mas... Ah, vai, bem, uma história como essa, de mil acasos, deve ser contada e recontada.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Queridas reticências,

Não preciso mais de vocês. É, um por um longo tempo ainda tive saco para usá-las mas agora já chega, né? Preciso usar um amigo de vocês, muito mais útil, com renovações. Confesso que quando usei a frase mais clichê que se ouve quando se quer terminar tudo, falei com sinceridade. Tanto que me encontrei com outrem. Foi bom, seguro e certo. Mas vocês continuaram infernizando a minha cabeça.
A partir de agora, estou encerrando a era continuidade. Viva o novo, o certo. E quero viver isso, quero me aproveitar disso. Já era pra estar vivendo faz um tempo, as oportunidades apareceram e eu vou vivenciá-las por inteiro. Deixe que o motivo para o uso de vocês viva as dele também. E olha que o motivo já seguiu em frente. Bom, eu tô me esforçando mais muito mais agora. Sem sentimento nobre nenhum. Apenas alegre, porque isso me deu ânimo pra usar seu amigo renovador ponto final.
Então, muito obrigada pelo trabalho de vocês. Muito obrigada não, obrigada só. Por um tempo, vocês foram causa de discussões e confusões; de sentimentos estranhos. Também de amadurecimento e de momentos para pensar e pesar tudo, tá. Porém, agora chega. Vou fechar ciclos, renovar sentimentos, atualizar minhas vontades, palavras.
Vão dar continuidade a outra história bonita - como a minha foi -, a outro coração, a outra mente. Na minha história, nem ousem aparecer mais.

Atenciosamente.

Dedicado a: @anapaulanas

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Linda rosa

Ontem desabrochou uma flor no quintal na vizinha.
De manhã bem cedinho, enquanto ela lavava a calçada, soltou um grito de euforia e foi logo chamar a criançada. E como a gente já não gosta de novidade, saímos correndo pra ver o que era.
Pois era a flor mais bonita do mundo. Na roseira, ela brilhava. Rosa não brilha, eu sei, mas ela entendia de brilhar. Brilhava sozinha, grandona, toda vermelha, mais vermelha que o batom da mãe. Meu lápis de cor não tem esse vermelhão na caixa e eu me perguntei onde foi que o moço que criou a rosa conseguiu essa cor. Tinha umas gotinhas nas pétalas que a vizinha falou que era um nome estranho... Não é baralho o nome, mas parece o som. Quando eu coloquei a mão na pétala, a vizinha brigou falando pra não por a mãe porque ia estragar. Estragar? Ela não acabou de nascer, ia viver muito! A rosa tinha também umas pontinhas que espetavam o dedo quando coloquei a mão, tinha um monte e ela era única no jardim. Não ia nascer outras rosas, porque a vizinha falou que comprou um broto só.
Os meninos não se importaram e acharam bobagem esse negócio de rosa, falaram que era coisa de menina. A moça do lado foi até pra janela pra espiar o zumzumzum. Engraçado que ela tava com bob no cabelo ainda. Quando eu crescer, eu quero usar bob no cabelo também pra fica bonita. Não bonitona igual a rosa, porque não dá. Igual a ela nem outra igual a ela.
Pra nós que moramos na vila, qualquer coisa é assunto pro dia todo. A vizinha dona da rosa recebeu visita até do padeiro que passou logo depois. Eu não tava não, mas o cheirinho do pão quentinho chegou lá em casa e eu sabia que era ele. Minha mãe também falou que o moço que vende fruta aqui na frente sabia da rosa e disse que quando acabasse a feira ele ia lá espiar. Fiquei torcendo pra que ele não me visse, senão ele ia falar pra mãe que todo dia eu pego maçã na venda antes de ir pra escola. A professora falou que maçã é bom pra cabeça, eu juro que ouvi na aula.
Vou pedir pro pai bem comprar um broto de rosa pra mim. Eu vou cuidar dele e rezar todas as noites do meu anjo da guarda regar com a aguinha que faz crescer as plantas. Vou pedir também pro moço que faz as rosas colocar uma outra cor na minha, porque vermelho já foi a da vizinha.
E quando a rosa nascer, vou mostrar pra todo mundo, inclusive pro moço que vende fruta.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Feminismos e verdades.

Sabe qual é o maior problema da maioria das mulheres que conheço? Todas - nós - precisamos de homens. Não, isso não é óbvio, porque precisamos de Homens. Com cheiro de homem, com pegada, que nos faça felizes só por um toque, que saiba onde o carinho dá arrepio, que saiba fazer com que os olhos fiquem cerrados de tanto prazer, te dê segurança no abraço. Que te entenda pelo telefone, que divida os acontecimentos da sua vida, que seja teu amigo antes de gostar de você; que saiba escrever em uma folha de papel palavras simples e diretas - coisa que você nunca conseguiu fazer -, que resumam tudo o que vocês vivem. Esse tipo de homem só se acha em alguns lugares. E se achar um homem com isso tudo sem que te faça sofrer ou seja digno dos seus sinceros sentimentos, parabéns, você investiu no bilhete premiado.
Claro que isso só acontece bonito assim nos seus sonhos ou no mais moderno conto de fadas, né? Partindo para a realidade, se o cara que você achou é um filho da pura mãe brasileira e mesmo assim você se iludiu e depositou sobre ele seus sinceros sentimentos... É, vai ser difícil achar outro que preencha esse lugar rápido e por inteiro. Mas nada é impossível, vai por mim. Com o famoso curandeiro das mulheres e corações apaixonados - o tempo - tudo se resolve e outro amor aparece na sua vida. Outro amor sincero, carinhoso, tímido, simpático, que conquista seu coração por te tratar direito, como você merece. Que promete que nunca vai te magoar - e você, por mais que o "nunca" tenha um peso incrível, consegue acreditar -, que sorri contigo, que te protege, que te acolhe, que tá do seu lado pra tudo.
O bom - ou o ruim? - é que "quando você menos esperar, pinta." Sempre não acreditava e odiava essa frase até que aconteceu comigo. Como hoje em dia ninguém tem paciência pra esperar, muitas mulheres a odeiam também e mandam a clássica "mas eu espero há muito tempo!" ou "não tem homem no mundo que presta!". Eureka: é por isso que não aparece o cara certo pra você. Além disso: se homem não presta, porque precisamos de um?
A solução é: se o cara que você achava ser o Homem dos seus sonhos é um filho da pura mãe brasileira, não se deprima! Acha a cópia vai ser difícil, mas um com 60% das qualidades do anterior você acha. Claro, depois de chorar litros, de comer vários chocolates e ler incontáveis frases de amor na internet - sem contar as músicas, que se repetem, repetem... Mas acha. Tenha fé e dê chance as oportunidades.
Precisa-se de homens de verdade, que contem mentiras sinceras, que nos façam acreditar neles com o olhar, que nos passe confiança e a certeza, absoluta, de que somos importantes para eles.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Talk, for me.

"Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo, gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça.. ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo." 

Caio Fernando Abreu.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Capitan

Não vou uma observadora nata, mas quando acontece, observo. Resolvi então me observar: minhas qualidades, meus defeitos, o que eu quero, o que desgosto; quem quero perto ou longe.
Estou em um BBB interno, me descobrindo e peneirando minhas amizades e companhias.
Descobri que sou determinada, cabeça dura, egoísta, sensível, apaixonada, animada, que tenho auto-confiança.
Quero ao meu lado quem me faz rir, pensar, que me acrescenta algo, que me liga pra contar novidades, quem se importa em estar comigo nas pequenas coisas, seja em um banho de piscina ou numa night, mas que tá comigo por gostar de mim e não por interesse. Quem fala manso, baixo, sem alardes. Sem megafone. Humildes, discretos, passivos, normais.
A verdade é que todo ano que entra eu mudo e percebo a mudança. A cada ano cresço e melhoro mais minha cabeça, amadureço. Que bom, que continue assim. Atualmente, estou pensando na frente, em mim, no que me interessa.

E como diria Maria Gadú:
"Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira
Me encantar com um livro
Que fale sobre a vaidade
Quando mentir for preciso
Poder falar a verdade."

sábado, 29 de janeiro de 2011

Sola.

Ultimamente tenho conhecido o sabor de fazer certas coisas sozinha e descobrindo que a "solidão" não é um bicho de sete cabeças como dizem por aí. Ela é boa, na medida certa.
Coisas simples, como ir ao cinema, ganham um prazer diferente quando visto sozinho e não é tão ruim assim. Principalmente se o filme que você vai ver todo mundo já viu e se não for romântico, claro. Mas dá pra ir e aproveitar o filme. Dá pra ir à praia sozinho também. Não é a imagem da segurança nos dias atuais. Mas é uma ótima oportunidade de pensar na vida e observar as pessoas. Também é bom para refrescar a cabeça e colocá-la no lugar (quando se discute com alguém...).
Andar de ônibus é ótimo. Nossa, que lugar incrível pra se pensar! Certa vez eu escrevi sobre isso...( To think )  E te digo que pratico o que disse todas as vezes que pego um. Ideias, contos, problemas, soluções, sonhos.
Antes eu achava um verdadeiro pé no saco sair/fazer/se divertir sozinha. Ligava o fato a pessoa não ter amigos. Nada a ver. Eu tenho vários amigos - amigos mesmo - e estou descobrindo o lado bom da solidão. As vezes é necessário ficar sozinho por um tempo, pra pensar, idealizar.
É bom, mas não é bom sempre. Acho que vivo uma fase de duração curta, que daqui a pouco passa. Mas enquanto ela não passa, vou desfrutando tais vantagens.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Norte

Preciso de um norte. Pra ontem, pra já. Preciso de respostas prontas, de um caminho pra seguir. Me sinto perdida, andando no escuro, longe da presença mais sublime e correta que há. Preciso de um ponto pra seguir em frente; tudo está desandando, parece que estou mudando. Aquilo que havia de mais puro e objetivo está dando lugar a dúvidas, a novas sensações, novos sentimentos. Estranhos, desconhecidos, passageiros. Tenho medo do caminho que estou trilhando. Medo de não conseguir trilhar o caminho certo e seguro que trilhava antes. Perguntas assolam meus pensamentos e me desnorteiam. Me sinto distante do meu porto seguro. Através da razão da minha vida, ele me mostra que não estou no caminho certo. Mas quão difícil é sair desse caminho errado, quão difícil. É diferente, novo, mas incerto. Sinto medo, dúvidas, receio; me sinto perdida. Onde achar tais respostas? O livro me ajuda, mas não me responde. Estou receosa das respostas que estou encontrando em conversas sábias com a razão da minha vida. É nela que vejo meu porto seguro. Acho que é por isso que tenho medo: ela me deu o start pro turbilhão de pensamentos e perguntas.
Quero respostas boas; um meio de estar no lugar certo, levando quem me acompanha agora. Quero me aproximar do meu porto seguro, quero que ele leve a minha vida do modo como ele quer, quero me sentir nos braços dele, sendo carregada, guiada, confiante da vitória e das coisas boas.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Escrever

Outro dia me peguei pensando no que me levou a escrever recentemente. Nunca fui boa em me expressar por palavras, mas sempre que foi preciso consegui dar voz à elas. A conclusão que cheguei foi que todas pessoas só escrevem porque têm problemas, principalmente amorosos e suas desilusões. Quando se ama e não se corresponde, a imaginação fica aflorada e os poemas e estórias tomam forma e atingem - na maioria das vezes - o foco direcionado. Que ruim, penso eu. Porque não escrever sobre a alegria de um amor? As tentativas são frustradas: o momento passado nas palavras não é sentido pelo leitor, é algo muito pessoal e particular.
Havendo sofrimento, incrivelmente, a pessoa sente junto, sofre junto, entende junto.
O amor sempre é fruto de inspiração. Mas o amor sofrido, o mal resolvido. Quando você conquista o amor, as metáforas e frases feitas somem porque não fazem mais sentido; as músicas depressivas são caladas e quando são ouvidas remetem à uma história passada ou a uma lembrança de como tudo se resolveu - quando achava-se que nunca se resolveria.
A verdade é que sofrer por amor é bom para amadurecimento pessoal, para ressaltar a realidade a para trazer motivação. Não é nada bom ficar sofrendo pra sempre, confesso. Mas pelo sofrimento surgem os melhores textos e as melhores reflexões. Até surgem mais conversas... Claro, pergunta-se como vai o relacionamento e a resposta tem duas palavras que são efêmeras, junto com o assunto.
Juro que não quero sofrer por amor agora.
Meus textos estão sem graça e as palavras se tornaram repetitivas e entediantes. Escrever amando é sem graça. Ficar sem escrever por estar amando é interessante demais.
Os grandes poetas também escreveram sobre o amor. Mas o que seria deles sem as dores de um grande amor?

domingo, 2 de janeiro de 2011

Doismileonzealegrias

Então que hoje é o segundo dia do novo ano. Ante-ontem, enquanto os segundos diziam adeus para 2010, pensei em como o ano que estava indo embora foi bom. Bom não, ótimo, em todos os sentidos.
Ele começou estranho, sem respostas; tinha uma cabeça vazia, sem visão de nada. Começou com sofrimento, com a vontade de ser feliz, com a esperança; começou com planos novos, com novas expectativas. Começou com uma lista interminável de ensinamentos que eu achei que não desse tempo para eu aprender todos.
E aí que depois de 12 meses, aprendi muita coisa, muito mais que a lista estava prevendo.
Cresci, amadureci, fui cobrada, me mostrei melhor do que achava. Nossa, que ano.
Conheci o que é ser importante demais para uma pessoa, o que é se sentir valorizada e querida de uma forma diferente, mas ao mesmo já esperado há tanto tempo.
Desejo que metade das alegrias que tive em 2010 sejam maiores em 2011. Só as alegrias, os desafios, os obstáculos, os amores. Aquilo que não é bom, que venha em conta gotas para que de tempo que eu me prepare para lidar com isso.
Quero degraus, objetivos maiores, crescimento mil, incontáveis sorrisos e momentos felizes.
SÓ COISAS BOAS!