sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Intenções.

Se envolveu e nem sentiu. Aos poucos o encantamento foi se tornando paixão, que se tornou gosto, aos poucos permeados de desejo. Desejo, ainda não sabia o que era isso até que a noite caiu e a chuva acabou com seus planos. Ainda bem, diria depois. Com a chuva, não puderam sair. A casa estava vazia e as luzes haviam se apagado. Não tinham combinado nada desse tipo, mas o fato de estarem juntos já garantia uma boa sexta-feira. Tinha os longos cabelos molhados, usava uma blusa velha de banda de rock dele que havia pegado sem ele saber na gaveta. Não estava atraente, não pensava em estar. Apenas queria que noite terminasse bem. Ouviu o barulho do chuveiro cessar e logo ele apareceu, charmoso, com a barba por fazer, sorrindo e parando, a observá-la, na soleira da porta. Seu rosto se transformou em desejo assim que a viu, o sorriso se tornou malicioso e, ainda que ela sorrisse perguntando o que havia, os planos daquela noite já estavam traçados. Trocaram algumas palavras e as velas vermelhas que ela acedia deram o toque que faltava na decoração. Sem pensar, beijaram-se, com carinho, paixão. As mãos másculas e fortes passaram pelas costas magras e aproximaram seu corpo do dele, permitindo um contato mais firme. Ainda na soleira da porta, as mesmas mãos elevaram sua perna morena e torneada, denunciando as intenções de ambos. Não precisou de mais nada. A blusa velha de banda foi lançada pra longe e a barba por fazer arrepiava seu corpo todo. Lançou-a na cama, aproximando-se lentamente com carinho. Arranhava suas costas definidas lentamente enquanto mordia sua orelha, pois sabia que isso o levaria a loucura. Loucura, pensaria ela mais tarde, seria se eu não me apaixonasse por ele... As velas se consumiram enquanto a paixão falava mais alto naquele ambiente. Jamais fora tão querida e desejada por homem nenhum e, naquele momento, tinha se entregue aos seus desejos mais profundos, libertando tudo o que havia prendido por conta do tempo. Se sentiu amada, respeitada, viva. Ele poderia ser o seu complemento, sua outra metade. Quando o ápice daquela bomba de sentimentos consagrou a noite, fechou os olhos e se sentiu mulher, a mais realizada que já ouvira falar. Seus olhos percorreram a cama e a criatura ao seu lado. Havia nele um ar de leveza, um sorriso saudável, iluminado. As mãos másculas se uniram às mãos meigas e o fogo das velas se apagaram. Não havia necessidade de iluminar o ambiente já que havia luz suficiente pra aquecer e dar vida aquele lugar. Ninguém poderia interpretar ou entender aquele momento sublime em que os olhos falavam mais que mil palavras e o silêncio traduzia todas as falas internas daqueles seres. Haviam se completado, apaixonadamente, inexplicavelmente, eternamente. Talvez o desejo estivesse traduzido em amor. Talvez fosse cedo demais pra afirmar isso. Talvez a chuva consagre mais momentos e as mãos se estrelassem mais vezes. Talvez as intenções falem por si.