quinta-feira, 14 de outubro de 2010

To think

Já que na casa não há lugares para pensar, o que sempre é necessário, o jeito foi apelar. 
O alemão que inventou o ônibus não sabia que estava inventando um ótimo lugar para pensar. Se ninguém nunca reparou nisso, eu já. É uma ação que pratico todos os dias pela manhã e quando volto pra casa. A melhor situação é pegar um ônibus vazio no final da tarde e ir sentada na janela, sentindo o vento bater no rosto e pensar. É quase sem querer. O silêncio quebrado pelo som do motor, da campainha, dos vendedores ambulantes e das moedinhas não atrapalha a organização dos pensamentos. Minhas maiores e mais mirabolantes idéias partiram de dentro do ônibus. 
Se eles falassem relembrariam conversas, acontecimentos, remontariam cenas, sorriram após uma lembrança, desejariam, contariam casos ditos aos telefone, falariam das dores de um amor, ririam junto aos amigos, montariam diálogos jamais ditos. Contariam que mesmo que a viagem fosse feita toda de pé e estando apertado, o dólar foi comentado e aquela questão sobre a China foi pensada e relembrada pra que não fosse esquecida. Ele seria culto demais, amante demais, alegre demais. E por vezes triste demais, pois nos dias de chuva, a janela está fechada e os pensamentos melancólicos surgem quase sem querer.
Ainda que velhos e barulhentos, os ônibus são como diários montados de pensamentos e idéias. É também um quadro de recordações. Minha mãe sempre conta suas histórias sobre o ônibus que ela pegava na mocidade. E quando ela relembra, sua fisionomia é de "bons tempos...".
Espero ser como minha mãe ao relembrar minhas viagens daqui a um tempo. Mesmo que não tenha feito amigos verdadeiros e nem festas pro aniversário do trocador, foi ali dentro organizei as minhas desequilibradas palavras.

Um comentário:

  1. aaaah! vc tbm fez blog! que lindo *-* lendo isso aqui eu vou me sentir mais perto de você!
    cara, parabéns, os textos tão muito bons, amei esse em especial, muito bem escrito =D
    beijos, meu amor ;*

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