sábado, 26 de outubro de 2013

Palavras.

As palavras costumavam fluir mais fáceis antes. Claro que há sempre um filtro que separa o que devo guardar ou colocar pra fora. Mas há um tempo aprendi a falar, sem filtro, sem pensar. Confesso que foi um passo e tanto pra mim. Com o senhor do tempo, aprendi a me expressar, mesmo que não quisesse, mesmo que não fosse necessário, mesmo que atrapalhasse tudo. Falar se tornou prática básica da minha rotina e inserir essa prática na vida foi importante.
 Mas como eu disse antes, as palavras costumavam fluir mais fáceis antes. Apesar de falar sempre, falar o que eu sinto nunca foi uma ação muito fácil pra mim, pois sou confusa e paradoxal muitas vezes, e talvez muitas das vezes em que falei o que sinto não foram momentos bons ou não fui clara o suficiente. Muitas dessas palavras não sabem se posicionar, são desequilibradas, não sabem onde ir, são pensamentos soltos.
 Daí que meu interno foi incoerente com meu externo. Aprendi a falar tudo sempre, para me tornar clara, pra fazer fluir, mas pensar "demenos" desequilibrou ainda mais meus pensamentos e causou confusão - ela, senhora das minhas palavras, que saiu de mim pra se abrigar um tempo em outro lugar.
 Eis o motivo do paradoxo...
"Minha desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio", já dizia Clarice. Meu excesso de palavras desequilibradas são o resultado de um silêncio necessário, que eu preciso para organizar meus pensamentos e dar sentido àquelas que me expressam. Não fico em silêncio porque sou obrigada a falar, por mais estranho que seja. O que não era preciso, agora se tornou necessidade, fator de dissolução de agonia, causa para uma paz momentânea. No turbilhão de sentimentos em que vivi, um turbilhão de pensamentos me assolam e com eles um turbilhão de palavras e pensamentos soltos. Desequilibrados, com necessidade de serem remoídos e digeridos.
Então chega... Preciso de equilíbrio entre o interno e o externo. O meu silêncio é um espaço que solidão nenhuma pode se abrigar, mesmo que por vezes outra solidão tenha me feito companhia. Entre o sim e o não, eu opto por mim. Em silêncio.

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