- "Opa, quer que eu segure?" - "Ah, que ótimo...". Engraçado, rosto parecido com... Para de pensar nisso. Já acabou, foi só uma noite. E não fique com a consciência pesada, foi só uma noite. E que noite, que beijo, que corpo... Tudo bem que eu tenho o mesmo em casa, mas que corpo. Faria de novo. Faria mesmo? Com que coragem? Olhava pro celular toda hora pra vê se não estava vibrando, com medo. Medo é para fracos. Foi só uma noite, para com isso.
Uma noite... De muitas; já faz um mês que toda sexta feira me encontro com aquele corpo, com aquele cheiro, aquele beijo. Não consigo me desfazer daquele toque característico, das suas mãos suaves, do jeito como me acaricia, de como me dá prazer, da sua ousadia. Que sentimento o que, não há espaço para sentimentos em mim. Só tive sentimentos uma vez e já foi o bastante pra irmos morar juntos. Sentimento, carinho, cuidado, assim como o medo, é para fracos.
Mas acho que vou parar com isso. Daqui a pouco as coisas ficam sólidas e eu não vou morar em duas casas mesmo. E também porque um dia tudo pode vir a tona e eu não vou mentir. Ou melhor, vou sim. Foi só um caso, passageiro de um mês. Foi passageiro, claro, sem problemas, todo mundo passa por isso. Que mal há em se divertir as vezes? Não vou me divertir igual em casa. Dá pra conversar, beber, fumar um cigarro, repetir a dose. É só um caso, todo mundo têm. E além do mais, brigamos muito em casa. Há estresse demais no trabalho e sexta é um único dia e momento e pessoa com quem posso me divertir, relaxar, desligar o celular e não pensar em mais nada. Depois, sempre surge uma reunião importante e tudo fica bem. Às vezes, me divirto duas vezes na mesma noite e em lugares diferentes. Quando isso acontecesse, no dia seguinte estou no apce da minha alegria... Que maravilha de semana.
Acho que minha estação está chegando. Mas já? Levo sempre quarenta minutos até lá, o que aconteceu hoje? -"De nada! Boa noite" - Ainda tenho que passar no mercado. Ih, meu celular tá sem rede. Daqui a pouco aparece trezentas mensagens. E hoje ainda é quinta. Saco, que gravata apertada...
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