domingo, 24 de outubro de 2010

Romantismo

Bem no alto daquela torre, a mais alta do povoado, havia um coração aprisionado. Ele já batia fraco e cansado de tanto esperar e acreditar no nada pois fazia certo tempo que estava ali. Não havia mais graça no canto dos pássaros pela manhã; pra que dormir se já sonhava acordado com a mesma coisa: sair daquela torre. O problema era quem poderia tirá-lo de lá. Nenhum cavalo passava por debaixo da torre, ninguém ouvi seus gritos de longe. Era impossível encontrá-lo ali.
E quando sua esperança já era ínfima, num dia aparentemente normal, o coração acorda assustado com o barulho de uma carruagem. Ao olhar pela janela, se deparou com uma linda carruagem azul, com lindos cavalos brancos. Não esperava o príncipe encantado pois aprendera que esses tipos de corações não existem. Mas se deparou com alguém subindo as escadas da torre e em poucos minutos, batendo à sua porta.
Ele não sabia onde colocar tanta alegria. Alguém tinha ouvido seu grito de longe e viera buscá-lo. Não demorou muito e o misterioso coração adentrava em seu humilde espaço. Ele era normal, batia na mesma intensidade que o dele. Mas não fez nada. Apenas olhou o alegre coração, deu um sorriso e saiu pela porta. Coitado do pobre coração, não sossegou mais. E sem entender nada, só soube esperar impaciente pelo dia seguinte.
A mesma cena se repetia todos os dias. Com isso, a alegria voltou ao coraçãozinho junto com a esperança de sair daquela torre. O que aconteceu muito rápido: foi em um final de tarde, no começo daquela semana, quando o coração misterioso subiu as escadas apressado, repetiu o sorriso e disse que viera buscá-lo. Sua mala estava pronta havia algumas semanas - já estava esperando ir embora dali - e a fuga foi rápida porém especial afinal, ele já não era um desconhecido. A sensação era que se conheciam há muito tempo.
A terra que o jovem coração sentiu nos pés ao sair da torre não foi estranha. Ele sabia que seria fértil, mesmo não sabendo do futuro. Mas dentro dele, ele sabia que daria certo. Não precisava de muita conversa entre eles: ambos sabiam o que sentiam e que era recíproco. A eles, bastava o carinho e o andar de mãos dadas sob aquele sol de julho...

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